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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

MANIAS



Todo mundo tem uma mania, isto é inevitável e o pior, se incorporam ao nosso ser tal qual uma erva daninha no meio de folhagens.
Sabe aquele tic nervoso? Aquele em que você faz uma careta, estica os lábios para direita, depois para a esquerda, dá uma mexida no pescoço, passa a mão na cabeça e continua como se nada aconteceu? Ele em algum momento foi revelado.
Para não ser tão chato digo que em um dado momento ele se tornou visível aos olhos de seus amigos, familiares, colegas de trabalho, no seu estudo, no seu passeio com a galera, (será que esqueci de alguém?) e toda a torcida do time de futebol preferido seu, e a partir daí você começará a sofrer os temidos Bullying.
Não precisa ser gordo, magro, alto, baixo para sofrer de Bullying, mas tem que ter muita coragem para enfrentar o tal Tic nervoso. Existe até uma música que diz: “Isso me dá Tic – Tic nervoso” que retrata com bom humor o sofrimento de um jovem que tudo com ele dá errado, perdendo o emprego, arrumando uma namorada que era namorado, geladeira vazia e o desabafo, “Isso me dá Tic – Tic nervoso”.
Parece até mesmo uma brincadeira, mas não. É uma triste realidade para aquele que sofre com assédios morais, brincadeiras de mau gosto, em que o agredido fica de lado, amargando essas brincadeiras como se fosse um dia normal da vida, um dia ruim no trabalho, enfim, jogado às traças com requintes brilhantes de uma brincadeira.
Mas, voltando as Manias, quem já não as teve, não é verdade?
Hoje foi um dia curioso, depois de pegar o carro e dirigir-me até Guarulhos, onde tenho escritório, coloquei o carro no estacionamento e fui caminhando ao Escritório, cerca de uns cem metros no máximo.
Então, chegando a um semáforo, ou farol, como queiram parei e fui apertar o botãozinho que de tempos em tempos dá sinal verde para atravessar a rua.
Como cheguei cedo, não estava com pressa, resolvi observar um pouco do movimento da avenida, dos estudantes que se dirigiam à escola, do varredor de rua que limpava com sua vassoura, tendo um assobio como acompanhamento, o jornaleiro que fazia troco, o cara do café, mal humorado como sempre, enfim, uma busca completa com meus olhos para identificar cada um.
É interessante que muito pouca gente faz isso, e quando o faz, é tachado de maluco, sem noção, com tempo de sobra, mas mesmo assim, não me deixei levar pelo lado da gozação, e continuando minha pequeníssima jornada.
Parei ao lado do pequeno poste metálico, procurei o botão e instintivamente coloquei meu dedo e dei três apertadas.
Tal fato fez-me rir, pois estudei por muito tempo eletrônica, e sei que para se fazer o contato entre dois pólos, basta um pequeno encostão, um pequeno atrito e o relógio de parada para os carros já é iniciado.
O tempo, que estava a meu favor, passava suavemente diante dos meus olhos, quando reparei que um senhor, com expressões de descontentamento, com pressa, se posicionava do outro lado da Avenida, junto ao poste que mantinha um botão ligado em paralelo ao meu.
Os segundos eram eternos, quando esse senhor resolveu colocar seu dedo também no botão no intuito de ter maior velocidade no relógio de parada dos veículos.
Sinal verde para os carros e vermelho para nós pedestres, após a apertada do botão do senhor, começou a esboçar sinais de que dentre instantes teríamos nossa travessia franqueada pela luz verde.
Tudo dando certo e quando o sinal ficou vermelho para os carros e verde para nós pedestres, começamos atravessar a avenida. O senhor vinha então em minha direção, e eu caminhando calmamente pela faixa de pedestres, sendo que eu calculava que o atropelamento entre eu e o senhor do outro lado, seria inevitável.
Instantes finais, olho no olho, pé a pé, nos encontramos no meio da avenida, quando esse senhor dirigiu-se a mim e falou: - Viu como tem que fazer? Você deve apertar o botão insistentemente para que nossa vez chegue mais cedo.
Recorrer ao meu estudo de eletrônica nos anos 70, puxando pela memória, e lembrei que basta apenas um encostão para acionar o gatilho.
Mas que dó, aquele senhor juraria de pés juntos que foi a apertada dele que movimentou a máquina semafórica.
Só uma questão de Tempo.
Sendo assim, Prazer em Recebê-los
(Clóvis Cortez de Almeida)

2 comentários:

  1. Prazer em recebê-lo com esse texto agradável de ser ler.
    Lourdes.

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    1. Muito obrigado minha querida menina Lourdes. Sempre é bom ler comentários, felizes comentários.....

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