Páginas

terça-feira, 26 de março de 2013

Tomei um Copo de Vinho


Sim, tomei um copo de vinho. Me senti abandonado, mas não na forma maléfica da palavra, mas sim de uma forma benéfica, mas que irá se criar um vazio.

Ao levantar hoje e postar alguma coisa em meu perfil no Facebook, me deparei com uma mensagem, de uma pessoa que não conheci pessoalmente, mas que me sinto tão próximo como um parente, ou até mais.

Nos correspondíamos via blogue, onde ela comentava, eu respondia, ela comentava em cima do que eu falava, ela respondia novamente. Era um respeito que não se descreve.

Ela me chamava de Mestre, mesmo não o sendo. Ela me tratava como um sábio, mesmo não sendo. Assim se concretizou nossa amizade.

Um dia ela escreve sobre mim, imaginem sobre minha pessoa. Achei tão bonito que pedi permissão para colocar em meu livro, sobre minha pessoa, e ela despojadamente, disse sim.

Ela topou.

É a gloria.

Hoje, recebi um adeus. Ela me falou adeus.

Talvez por ter colocado um escrito de Willian Shakespeare, que falava mais ou menos, que amar não é acorrentar uma alma. Eu a fiz chorar.

Ela postou isso.

Agora rendo homenagem, pois não tenho como me comunicar com ela, pois só sei seu apelido, Lilith, nome de uma aprendiz de feiticeira. Talvez seja por isso que me chamava de Mestre.

Agora levo isso para comigo, o melhor de Lilith. Seu amor ágape, seu carinho seus comentários sempre bem humorados e muito inteligentes.

Me sinto só, então tomei um copo de vinho.

Prazer em conhece-la Lilith, Prazer em Recebê-la.

Clóvis Cortez de Almeida

Entretenimento


Às vezes ficamos tão entretidos com nossos próprios problemas que muitas vezes não observamos o que se passa a nossa volta, e olha que isso é mais comum do que imaginamos.

Ficamos tantas vezes prestando a atenção no trânsito que não vemos aquele fusca vermelho que passa ou o carro amarelo, ou qualquer outro carro que normalmente nos chamaria a atenção.

Muitas vezes paramos para ficar observando problemas, onde às vezes poderíamos estar vendo soluções, como é o caso que me aconteceu essa semana.

Estava não, estou acumulado com o tempo, que tem sido bem pequeno para mim, e que possui ainda às 24 horas normal que o dia diz que tem, que não estava prestando a atenção a coisinhas pequenas, tais como o varredor da rua do escritório.

O dia chega muito rápido, e com isso, levanto pela manhã, tomo meu banho, meu café já está pronto, posto alguma coisa no Face (porque também já virou mania) e sigo para meu escritório, que fica a cerca de 30 minutos de casa, isso quando não tem trânsito.

No trânsito, aproveito para ir fazendo minha aula de Espanhol, bolando minha nova petição, a advogada que vou pegar para terminarmos nossas petições, e por aí vai.

Paro meu carro no estacionamento, caminho até o escritório, uns 100 metros de distância, abro o escritório, ligo os computadores, faço minhas orações e daí começo meu dia.

Bem, preparado para mais um dia de jornada, começo assim meu dia de laboro, que muitas vezes não é lá grandes coisas, com reuniões desmarcadas, outra que não dá em nada, outra que nem acontece, mas estamos lá, persistentes achando que um dia vai dar certo.

Dinheiro entra pouco, ou quase nunca entra, mas vamos e voltamos todos os dias, afinal de contas a persistência é o que conta nessa hora. Um ou outro entra lá no escritório, uns pedem para postergar, outros para deixar para lá, mas a persistência continua.

Dá fome, e daí vamos ao almoço, comemos alguma coisa rapidamente (e não sei o porquê de ser rápido numa hora dessas), voltamos ao escritório, continuamos as petições, cobranças e logo já bate 17:00 hs e vamos lá levar a colega para casa, para daí terminarmos o dia, chegando em casa novamente.

Lar doce Lar, é o que diz aquela plaquinha que a vovó mantinha na cozinha de casa, estampando a real felicidade de estar em casa, no meio dos nossos, dos carinhos daqueles que mantemos contato.

Normalmente era uma plaquinha de madeira, pintada as letras, ou quando não entalhadas manualmente a frase, com normalmente a figura da Sagrada Família (para quem não é católico, Jesus, Maria e José), que ficava na parede contrária a do fogão, que era para não engordurar com facilidade.

Mas não tinha jeito, a gordura era inevitável naquilo que define com muita propriedade à vontade, ou melhor, a certeza de um trabalhador, que sai pela manhã de sua casa e só volta à noite ou de tardezinha.

Mas voltando ao escritório, onde eu deveria ter uma plaquinha escrita, ou melhor, entalhada “Laboro, formoso Laboro”, com a figura da tríade trabalhista, ou seja, uma enxada, uma caneta e um diploma, porque não?

A Enxada representaria o esforço do trabalho, a Caneta o trabalho físico e o Diploma o trabalho intelectual, assim ficaria bem definido o escritório, ou os escritórios de qualquer um que está lendo, seja ele seu local de trabalho, bem como seu escritório físico, ou até mesmo onde vai fazer seu trabalho.

Assim definido, voltemos novamente ao nosso dia, que por sua vez, já está começando com minha chegada ao estacionamento. Paramos o carro, pegamos aqueles volumosos processos, acertamos as chaves e nos dirigimos até a nossa sala, que por sua vez já está aberta, com a chegada mais cedo de um colega que abre gentilmente o prédio onde temos nosso cantinho.

Ao chegar à calçada de nosso escritório, normalmente nos deparamos com o servente de rua, que está lá, alegre, limpando a calçada que estamos passando, e o cumprimento é agradavelmente inevitável.

Bom dia, e a resposta vêm em seguida com um sonoro Bom Dia, daquele que contribui com seu esforço para o nosso bem estar. Estamos então preparados para começar o nosso dia de laboro, enquanto o Sr. José já está fazendo isso há muito tempo.

Ontem não foi diferente, deixei o carro, peguei os processos, atravessei a rua, e quase que automático já ia falando Bom Dia ao Sr. José (nome que nunca soube de verdade), mas notei algo estranho em seu uniforme. Estava mais cheio, parecia-me mais feminino, e não era mesmo?

Era a Dona Maria (nome que inventei agora), que estava varrendo minha calçada. Ela ficou assim meio aturdida com meu sonoro Bom Dia ia inundando aquele ambiente, mas com muita reserva, com certo constrangimento me respondeu Bom Dia.

Não esboçava nenhum sorriso, nada como o Sr. José, parecia estar muito longe, e notei uma gota de lágrima em seus olhos.

Não tive dúvidas, perguntei o que se tratava aquela lágrima, e chamei-a para que entrasse em meu escritório. Ela ficou mais inibida ainda, mas aceitou, até mesmo porque queria ir ao banheiro e tomar água.

Enquanto ela ia se refrescando, peguei um copo de Água e um de Suco para oferecer aquela que estava motivada, e que por um acaso estava ali, no meu escritório, talvez querendo falar com alguém.

Ela saiu, aceitou a água, tomou também o suco com bolacha, já que não fico sem minha bolachinha pela manhã, e foi agradecendo e já ia saindo. Perguntei então a ela pela segunda vez, o que se tratava aquela lágrima em seus olhos, quanto tive a mais dura das respostas.

- Meu filho, disse ela, estou aqui porque meu marido hoje não se encontrava bem de saúde e foi ao hospital ver a dor nas costas. Estou aqui desde as 05:00 horas da manhã, e já eram 09:30 horas, e eu havia sido o primeiro a falar um bom dia para ela.

- Foi uma verdadeira bênção o que o senhor fez, pois não sabia que meu marido era tão querido assim aqui na rua. Ele não veio, mas em casa não podemos ter uma falta no serviço porque senão o dinheiro do final do mês fica pouco. Então vim no lugar dele. Assim não há como ficar sem o dinheirinho no final do mês.

Emocionou-me ao saber que até àquela hora do dia ela não havia recebido uma saudação sequer.

Hoje volto para o escritório, talvez não veja a Dona Maria, ou talvez sim, não sei, mas só sei que tenho muito que aprender com esse povo que me cumprimenta todos os dias, graças a um paletó, gravata, sapato engraxado, camisa passada, uma pastinha na mão.

Essa sociedade que fala bom dia pelo Facebook, mas não se dispõe a falar bom dia presencialmente. Que se dizem super educados no virtual, mas não são nada educados no presencial.

Assim, fica aqui meu bom dia ao Varredor de Rua, ao Lixeiro, ao Esticador de Cabos, ao Eletricista, ao Técnico, a todos, sem distinção, não espere com distinção sim, àqueles que por um acaso vestem Paletós e Gravatas, ou Jalecos Brancos, que sequer têm educação para falar Bom Dia.

Só resta agora, falar a esse grupo de pessoas, Prazer em Recebê-los, de verdade, não de boca para fora, mas de coração, pois vocês sabem deixar meu dia mais limpo, mais bonito, mais alegre.

Clóvis Cortez de Almeida.

(Nota – o dia colocado aqui não é o verdadeiro, os nomes também os são, mas os sentimentos, esses sim são reais).

quarta-feira, 13 de março de 2013

As mais belas canções.



Toda canção nos remete a algum lugar em que nossa mente está. E não é diferente dizer que minha mente agora está ao centro do Brasil, mais propriamente em Anápolis – Goiás.

Passei um bocado de tempo naquele lugar, que de antemão posso até dizer que se trata de uma cidade bastante agradável, principalmente nos idos dos anos 80.

Eram mais ou menos 06:30h da manhã quando um vizinho me liga o rádio e estava tocando “A Majestade o Sabiá”. É uma música linda, com seus traços bastante levados para o interior do Brasil, sua melodia canta sobre a reverência que outros pássaros fazem aquele que tem como o próprio nome diz, a Majestade, em seu corpo, em seu canto.

Principalmente em seu canto, pois quando ele começa a cantar, todos os pássaros param para ouvi-lo, quando não para imitá-lo, em seu trinado agudo, que alcança um território bastante grande na nossa geografia.

Pois bem, o trinado começava, e da minha janela eu ouvia o cantar daquele pássaro, quando uma voz, também fina, feminina me chama: Pai, hô pai, acorda pai. Era minha filha.

Lá estava ela, de pijaminha flanelado, com seu ursinho no colo, e suas mãozinhas na minha cabeça, tentando me chamar a atenção para aquele momento mágico na vida dela.

Um pouco ranzinza, reclamei que estava muito cedo ainda, pois eu só iria para o trabalho às 11:00 da manhã, e ela continuava a me chamar: Pai, hô pai, levanta pai, vem ver pai, e não parava com aquela voz ainda em formação, pois 4 anos não se pode esperar muita coisa.

Falava para ela, minha filha, papai foi deitar mais de 03:00 da madrugada, deixa papai dormir, mas ela não, ela estava determinada em me acordar, de verdade.

Não estava entendendo seu objetivo quando ela me falou, vem ver pai, vem ver aqui.

Levantei, coloquei um chinelo ao pé, fui até o banheiro, lavei meu rosto e ela insistentemente falando, Pai, vem ver pai.

Dei as mãos a ela que me conduziram pelo corredor até o seu quarto. Abri a porta, porque ela havia fechado, e ela falou, entra pai, com cuidado, mas entra pai.

Fiquei meio ressabiado com esse entra com cuidado, mas fui arriscando, coloquei o pescoço para dentro do quarto, deixando com que meu corpo fosse entrando vagarosamente.

Estava lá dentro, não havia visto nada de anormal então me virei a ela e perguntei do que se tratava.

Ela então, com seus cabelos cacheados loiros, sua mão suave, seu jeitinho maroto, foi me conduzindo até o criado-mudo que ela tinha na cabeceira de sua cama.

Daí fui a descobrir que havia lá um pássaro, Sabiá que devia ser fêmea, pois estava junto a um ovinho, naquele criado mudo. Não sei o que aconteceu para que aquele ovo tivesse chegado até aquele lugar, mas estava lá.

O pássaro estava arredio, mas minha filha não tinha medo. Foi chegando bem pertinho daquela cena, daquela que mais parecia uma fotografia de Deus, diante ao seu Reino.

E ela, foi com suas mãozinhas pegando o ovinho do pássaro, que assistia imóvel para a atitude daquela criança.

Vi que na janela havia um ninho caído, e percebi que talvez aquele pássaro estivesse efetuando o transporte do ninho, de alguma árvore próxima para outro lugar.

Ela então segurou aquele ovinho, e colocou no ninho que havia dado a ela. O pássaro ainda imóvel. Seguramos então aquele ninho, fui dando um jeito de pular a janela para evitar do ninho sair das vistas do pássaro, e o coloquei em um galho de árvore, próximo a janela da minha criança.

Ao colocar, o pássaro alçou voo e foi para perto de seu ninho, e começou a cantar. Cantava tão alto que por um breve momento, era a única melodia que ouvia.

Minha filha então me perguntou: Pai, ele pode morar aqui? E num consentimento imediato disse que sim.

Minha filha voltou então para cama, com sorriso em seu rosto, e com a angelitude de seus gestos voltou a dormir.

Eu, não voltei mais a dormir, fui me aprontar para fazer algumas coisas em casa, mas aquele quadro não sai da minha cabeça.

Agora, todas as vezes que toca a música “A majestade o Sabiá” não há como não deixar de lembrar-se da cena.

Minha filha cresceu, o ninho já se foi, mas o canto do sabiá me faz retornar 27 anos atrás. Então Prazer em Recebê-los.

Clóvis Cortez de Almeida

 

segunda-feira, 11 de março de 2013

Um encontro mais do que feliz


Em agosto de 2012, através de um amigo fomos convidados a fazer parte de um círculo nas Redes Sociais com o seguinte título: Meninos(as) de Cumbica.

Bem, para quem não conhece Cumbica, vamos à uma pequena descrição. Trata-se ainda de uma vila militar, dentro dos portões da Base Aérea de São Paulo (BASP), que aloja os militares e seus familiares daquela unidade militar.

Pois bem, fui morar em Cumbica lá pelos anos de 1972, quando saí de outra vila militar, em Guaratinguetá – São Paulo.

Cheguei a Guarulhos e já tive que prestar um exame pré-vestibular naquela época, para ser regularmente matriculado na Escola Estadual Conselheiro Crispiniano, no centro da Cidade de Guarulhos.

No início tudo parecia muito sombrio, mas topei em morar na BASP, já que meu pai militar fora lotado naquela unidade, e estão fomos morar na Avenida 4 casa 424.

Como em toda vila militar, tínhamos os portões da Base fechados para o público em geral, mas em compensação, tínhamos também toda a segurança do mundo, com Cinema, Supermercado, Padaria, e até mesmo entrega do leite direto da fazenda para nós, com direito ainda de ter um PA para nos acompanhar até a escola.

Também, éramos convidados a fazer novas amizades, e assim o fazíamos. Tínhamos amigos desde a avenida 1 à avenida 5, desde o clube dos sargentos ao clube dos oficiais. Éramos amigos uns dos outros.

Como em toda sociedade, sempre havia aquele “mais chato” que também tínhamos nossas rusgas, nossas brigas, mas nada que o tempo não pudesse curar.

Então, com uma infância onde brincar de esconde-esconde nas ruas, sem o perigo de ser atropelado, de Queimada, de pega-pega, era mais do que normal. Tudo era rigorosamente vigiado, afinal de contas éramos filhos de militares. E bota militar nisso, no meio de uma ditadura política, onde parecia até que éramos “vigiados”, e éramos mesmo, vigiados para não matar aula, para não desobedecer os pais, para termos respeito com os mais velhos, com aqueles que tinham uma divisa a mais, ou uma estrela a mais nos ombros.

Assim passamos nossa infância, juventude, e quando menos esperávamos fomos jogados ao mundo, mas muito bem preparados. Tínhamos uma verdadeira escola da vida. Estávamos realmente preparados. Uns mais, outros menos, mas se formos fazer uma verdadeira análise, podíamos ir para a vida.

Chegou a hora, saímos de casa. Alguns se casaram, outros foram alçar voos solo, mas só sei que nos separamos. Alguns de nós foram morar no exterior, outros foram com seus pais para outras unidades militares, e alguns ficaram por aqui, por São Paulo.

O tempo passou e com isso aquele vazio foi ficando cada vez maior na nossa vida. Não que tenhamos que viver pelo saudosismo, mas uma baita saudades começou a bater em nosso peito.

Para mim, quarenta e poucos anos se passaram, mas não aquela lembrança gostosa de nossa infância e juventude. Estávamos com real saudades, e no mais amplo dos sentidos.

Um dia, e isso foi a uns seis ou oito meses atrás, recebemos em nossa caixa de e-mail um contato de uma amiga, que morava fora, mas que se alegrava em poder entrar em contato conosco. Pois bem, ela veio dos Estados Unidos e nos encontramos.

Foi maravilhoso e daí a adolescência começou a ficar mais próximo a nós.

Em um determinado dia, que não me recordo agora, ela falou dos Meninos(as) de Cumbica e isso me encheu o peito, no lugar daquele vazio, meu peito estava cheio.

Procuramos o grupo, encontramos, pedimos filiação, e tal qual a surpresa, fomos maravilhosamente recepcionado. Era um grupo seleto, daquelas pessoas que fizeram parte de minha vida, uns um pouco antes de minha chegada, outros um pouco depois de minha saída de Cumbica, mas todos, ou melhor, quase todos estavam lá, ao vivo e em cores.

Começamos então a criar novamente um vínculo, desta vez mais maduro, mas sentia que fazia parte novamente daquele grupo.

Como em todo o grupo tem sempre um que canta, outro que fala, outro que toma iniciativas, dois desses amigos resolveram fazer um reencontro dos meninos de Cumbica.

Começou então uma excitação geral, e o burburinho na internet era quase que audível. Era gente confirmando a presença, outros dizendo que estava longe, outros que iria ver se podia, mas não deixou de ser aquela movimentação gigantesca.

O dia nove de março de dois mil e treze chegou, o dia não passava, as horas não passavam, tudo estava congelado para nós, que havíamos confirmado a presença na Cia dos Espetinhos, um lugarzinho agradável em Guarulhos.

Enfim, 08:00h da noite e nos preparamos para encontrar, mas como seria? Quem estaria lá? Como estava hoje depois de 40 anos de distância? Eram perguntas sem resposta.

Chegamos ao local, não preciso dizer que fui recebido como um rei, e percebi que cada um que chegava era da mesma forma tratado. Nossos anfitriões estavam lá, prontos a nos abraçar, prontos para nos dar as boas-vindas.

Fotos, Flash’s, cantorias, mas que espetinho que nada, será que o pessoal do local não percebeu que o que queríamos de verdade era ver nossos amigos? E nossas Rusgas que ultrapassaram essa fase de juventude para tornar nossos amigos?

Foram abraços, apresentações e reapresentações, pessoas da qual pensávamos que jamais veríamos, estavam lá.

Tiramos fotos conversamos com todos, abraçamos e fomos abraçados, tal qual pensávamos. Alguns mais gordos, outros mais magros, uns com as marcas do tempo no rosto, outros que pareciam estar vivendo em formol, mas um grande número de pessoas estavam lá.

Ficamos até quase uma da madrugada, e deixamos lá muita gente ainda, com fome, fome de reencontrar os amigos.

Estiveram presentes pessoas de cidades do interior de São Paulo, de outros Estados, da capital, bem esses tiveram que enfrentar um verdadeiro dilúvio para chegar. Infelizmente muitos não conseguiram chegar. Sentimento de frustração.

Agora estamos na ressaca. Ressaca de tantas emoções vividas naquelas cinco horas ou pouco menos, e que já estão fazendo falta.

Mas não faz mal, essa ressaca há de ser curada, curada com um novo encontro, uma nova confraternização, um novo movimento.

Como falou uma de nossas amigas em postagem nas redes sociais, estávamos ali, como uma família, uma verdadeira família.

Não posso discordar dessa afirmação, então só me resta dizer: Prazer em Recebê-los, minha querida família Cumbicana.

Clóvis Cortez de Almeida

 

 

sábado, 9 de março de 2013

REFLEXÕES DE UM DIA NORMAL

                             Agora a pouco me peguei respondendo ao pessoal que diariamente visitam meu perfil no facebook, entram, cumprimentam e vão cumprir sua jornada diária. Achei graça e ao mesmo tempo uma coisa interessante me passou pela cabeça.
Falamos Bom Dia, desejamos os mais sinceros votos de um dia Feliz, de Paz e Harmonia, trocamos ideias, rimos, choramos, cumprimos nossa obrigação junto ao nosso laboro, muitas vezes junto a outros afazeres e dai.....
Bem, foi aí que parei para refletir.
O quanto essa magia nos faz desejar ao nosso próximo aquilo que sempre desejamos espiritualmente, e que não temos a oportunidade de falar, de se declarar, de jogar aquele tapete vermelho defronte de nosso amigo, de nossos familiares, enfim diante de nosso próximo.
É uma magia essa a internet, que nos coloca acima de tudo, que deixamos muitas vezes aqueles minutos preciosos para desejar a um estranho, um conhecido nosso BOM DIA, um simples gesto, mas que ao passar do tempo vai se incorporando ao nosso ritual de vida, ao nosso dia a dia, e que começamos a sentir falta quando dele nos afastamos.
Dizem que é um vício, e eu diria ainda mais, um grande e valoroso vício esse que deveria ser estendido, se é que posso usar esse termo, aos nossos vizinhos, ao porteiro do nosso prédio, a mulher que vem tirar o lixo dos compartimentos do prédio, ao que vem varrer as sujeiras do hall de entrada, ao padeiro que nos atende na padaria, ao guarda que está fazendo sua patrulha, enfim, a todos os que estão a nossa volta e que também merecem nosso entusiástico Bom Dia.
Fica quase que cômico, falarmos Bom dia a uma pessoa que não conhecemos que está a quilômetros de distância e nos esquecemos da porta ao lado, da garagem ao lado, do comércio ao lado.
Nada contra em falar bom dia a pessoa que está a dois mil quilômetros de distância e nunca vimos, mas precisamos trazer essa realidade virtual para nosso mundo real, para que tenhamos a sensação de um grande, bom e feliz Dia.
Consternamo-nos com uma notícia que recebemos em nosso “in box”, de um parente de um amigo de um vizinho que jamais vimos, e muitas vezes, nem sequer ligamos a dor de uma pessoa que convive conosco, que está ao nosso lado e acaba de perder “a alegria de viver”.
Lutamos arduamente por um ou outro partido político que devemos nossos votos de fidelidade, sem sequer darmos fidelidade a quem administra nosso condomínio, ou quem administra nossa rua, calçada, bairro, cidade.
Observamos por vezes aquele que está com um pesar porque não pode comprar o carro dos sonhos e muitas vezes não vemos ao nosso lado, uma pessoa com fome que não pode comprar um pão naquele dia.
Hipocrisia? Não!
Apenas não nos damos conta de nossa vida real, de nosso vício em querer ser o melhor possível a vista dos outros que bem ou mal, tem seu computador, seu i-phone, seu i-pad, e que possui em sua casa um prato de comida, um simples conforto, mas não olhamos ao nosso lado e percebemos que aquela pessoa que se encontra introspecto, cabisbaixo, também é carente de um Bom Dia.
Não somos hipócritas, apenas não somos reparadores tanto quanto nos imputam quando estamos observando um contrato, uma peça quebrada de um equipamento, um pneu furado, e uma vida alheia.
Mas tenho ainda não um sonho, mas uma utopia de que um dia, não tão breve assim, mas um dia, em que nosso Bom Dia, entusiástico, alegre, definitivo, incisivo, recuperador, altamente sedutor, possa vir a ser alento de não só para os que acessam as redes sociais, mas também ao nosso irmão, que se encontra perto, que também merece o nosso BOM DIA.
E, quando esse dia chegar, acabar-se-á credos, religiões, seitas, sociedades, preceitos e também conceitos e pré-conceitos para que a humanidade em um só coro, possa cantar um salmo, uma ode a fraternidade.
Essa Ode, esse Salmo, já está escrito e diz assim: “Ho! Quão bom e quão agradável que os Irmãos Vivam em União”. (trecho do salmo 133 da Bíblia Sagrada).
E a partir daí, cairão por terra, brigas, encrencas, rusgas, porque então estará comprovado de que o Homem poderá livremente dizer ao seu semelhante: BOM DIA A TODOS.
Assim sendo, após essa reflexão, só me resta dizer então: Prazer em Recebê-los.
Clóvis Cortez de Almeida
 
 
 


sexta-feira, 1 de março de 2013

ESTAMOS EM LUTO

Houve momentos em minha vida em que não sabia o que escrever nem o porque escrever, e tem tudo a ver com o Luto de ontem.
Ficamos até mesmo conformados quando a pessoa que vai para o Oriente Eterno é mais velho do que nós e nunca quando tem nossa idade.
É como se um anúncio dizendo que estamos também trilhando esse caminho, que nossa vez está por chegar.
Já passei por isso e posso assegurar que não é ruim estar do outro lado, que lá temos uma Paz ainda não alcançada neste plano, que deixamos aqui nossas dores, nossos medos, nossas apreensões, nosso ódio, nossa apreensão do porque e quando virá nossa grande passagem.
Posso afirmar que não sentimos nada, apenas um grande alívio ao nosso corpo, é como se deixássemos um peso que carregamos sobre nossos ombros para começar-mos então a um preparo maior, que é o preparo de nosso espírito-alma, para um grande encontro com nosso criador.
Mas, a imaturidade de nosso espírito-alma quer mais um pouco, quer ainda mais uma despedida, mais um adeus, ou até mesmo mais um até logo, sem prosperar com isso nosso intento.
A morte chega, sem avisar, sem fazer alarde, sem comunicação com nada e com ninguém, não nos sendo permitido saber do horário e do dia, pois senão ficaríamos mais apreensivos.
Se por um acaso soubéssemos o quando viria a nossa transição, seríamos uma pessoa muito triste, sem ambição qualquer, sem a vontade de querer lutar pela vida, pelo nosso dia a dia, ou qualquer outro estímulo que hoje nos acompanha.
Ficamos de mãos atadas, acorrentadas pelo medo de que o próximo pode ser nós, e não importa qual idade, qual cor, qual sexo, qual religião pois ela nos nivelará, colacará o homem igual ao homem, sem qualquer distinção, sem pedir qualquer comprovante de quem somos e o que viemos fazer aqui.
Esse nível, instrumento de muitas e muitas vezes de nossa meditação, deixa-nos igual ao nosso semelhante, e tanto faz se você tem ou não planos, se você é ou não portador de necessidades especiais, a morte então nos coloca neste instrumento, como uma lembrança para o futuro, uma lembrança do que teremos que fazer para numa nova ressureição (para os católicos), uma nova reencarnação ( para os espíritas), ou qualquer outro nome dado por sua religião específica.
Como num grande trolhamento, a pergunta que vem posterior à morte, e vem de uma forma direta, sem subterfúgios, sem nenhum outro questionamento: - “Que vindes fazer aqui?”, e a resposta nos terão que ser muito bem analizadas, para evitar uma resposta abrupta.
Como a maioria das pessoas, não sei o que vim fazer aqui, não hoje, não neste momento de Luto.
Talvez e disse talvez, tenha vindo para viver uma boa vida, confortável, aquecida, quentinha, ou talvez, esteja aqui para ajudar meu próximo, fazer o bem, ou talvez até quem sabe, não tenha vindo para por fim ou por o início a uma nova vida.
Posso até chocar o meu próprio coração, mas não sabemos o nosso propósito neste espaço terreno. Se vamos fazer o bem ou o mal, é de nossa escolha, nosso livre arbítrio, mas e se estiver escrito que teremos que tirar a vida de alguém? Talvez ai não haja livre arbítrio, talvez tudo já esteja escrito, tudo tenha sido marcado num grande quadro-negro onde está registrado lá nossa linha do destino.
Não posso pensar no acaso, pois como escreveu o espírito de Joana de Angelus atravéz do médio Divaldo Franco, “O acaso é nada mais do que a forma com que Deus encontrou para nos dizer: Estou Aqui”.
Não posso pensar que uma vida de cinquenta e poucos anos não tenha tido um propósito.
Devo acreditar, até mesmo para que minha fé se intensifique, de que houve um propósito para aquela vida, até mesmo para nos fazer pensar, nos fazer olhar para nosso passado e analizar-mos o que fizemos, como fizemos e porque fizemos.
Essa tríade questionativa nos chega no momento, então recorremos ao mundo do invisível, ao mundo da fé, para termos as respostas de perguntas que jamais teremos certeza da precisão das respostas intuitivas, cognitivas, ou até mesmo irracional.
Perdemos ontem dia 28 de Fevereiro uma prima, uma daquelas primas que tínhamos contato quando então éramos crianças, e pequenos jovens.
Sentávamos nas muretas da casa de meu avô paterno para lá travar-mos conversas infantis, sem compromisso qualquer, mas que para o momento era uma conversa significativa.
Cheguei a sentar-me em sua cama e ensinar-lhe matemática, e essa prima dava risadas dizendo que não fora feito para ciências exatas, que também não era para ela importante encontrar o valor de “X”, ou um número ao quadrado, um número dentro de uma chave anunciando que havia que tirar a Raiz Quadrada daquele número.
Boas recordações. Crescemos, tomamos cada qual o seu rumo. Eu para a minha vida e ela para a dela. Nos casamos, ela não estava em meu casamento e nem eu no dela, mas tínhamos contato, poucas conversas até mesmo pelo nosso propósito de vida.
Estivemos juntos pela última vez no casamento de uma prima em comum, e que ela era madrinha.
Já com Câncer, mas sempre disposta, depois de muitas e muitas sessões de quimioterapia e radioterapia, por uma graça Divina os cabelos cresceram entre as sessões de quimioterapia, dando a ela uma aparência bonita, que lhe permitiu fazer um penteado, colocar um bom vestuário, e ainda ser madrinha de casamento desta prima.
Foi então nossa despedida.
Vocês devem estar então se perguntando, e o porque você está emocionado? E a resposta é simples.
É porque mesmo não tendo contato próximo, de brincadeiras como crianças como fazíamos na casa de meu avô, mantínhamos uma ligação através de meu pai, que sempre nos reportava não só dela, mas como também, de todos os outros parentes.
Fica aqui então nossos pêsames, a mim também, pela falta que ela fará aos seus mais próximos, de seu marido e de todos que viviam em volta dela.
Não posso terminar dizendo “Prazer em Recebê-los”, mas posso terminar este escrito com uma oração ao Grande Pai.
                - “Senhor, vós que sabes o que é melhor para nós, receba sua filha em seu colo, para que então ela possa escutar em seus ouvidos – Prazer em Recebê-la. Amém”.
(Clóvis Cortez de Almeida)