Que estamos na era da
Eletrônica, ninguém de nós duvida disso, muito pelo contrário, somos cada vez
mais usuários e mais dependentes dessa tecnologia invasiva ao nosso cérebro, as
nossas atividades, as nossas coisas.
E o mais engraçado de
tudo isso que tudo começou com uma transmissão de rádio, que virou televisão,
que virou dados, e hoje é o conjunto de todos os tipos de transmissão
possíveis, sem necessidade de cabos, fios, que cada vez mais, está se tornando
uma espécie em extinção em nossas vidas.
A vida era bem mais
engraçada e bem mais motivadora, sem termos que nos concentrar em apertar um
botão e deixar a máquina decidir o que fazer, como fazer e quase até mesmo o porquê
fazer.
Até mesmo na década de
setenta, tínhamos que pensar para conseguir alguma coisa, não que hoje seja
melhor ou pior, mas tínhamos que ter em mãos uma boa “Régua de Cálculos”, um pedaço
de papel, um lápis e uma ideia na cabeça e boom, estava a nascer um novo
projeto, que poderia revolucionar o mundo.
Se não revolucionasse,
não era por falta de vontade, mas o que acontecia quase sempre, seria um
projeto bem feito, com matemáticas precisas e cálculos impecáveis, onde uma
ponte não ia ao chão por qualquer motivo, ou um prédio não caía por falta de
cálculos.
São as verdadeiras “muralhas
da China”, que mesmo sem um computador, sem um cimento de secagem rápida, ou
até mesmo um cimento, eram coladas as pedras, pedra por pedra, sem necessidade
de um revestimento de ferro, ou uma cerca de arame, e lá estão até hoje, com
centenas e centenas de anos, e lá permanecerão por mais uns tantos cem anos de
sustentação e segurança, para quem visita, para quem passeia, ou para quem a
explora com o turismo do lugar.
Não estive lá, mas ouço
dizer que trata-se de uma engenharia fantástica, em que nada pode derrubar.
Hoje não, colocamos os
dados em um computador, ele processa e em segundos nos diz que tipo de cimento,
qual a quantidade de terra, de areia, de cal, ou qualquer outro componente que
vá nessa massa, para a construção que fará habitar, ou passar por ela ou
represando, ou qualquer outra finalidade.
Ficou muito mais fácil,
muito mais econômico, mais célere, mas trouxe também algumas preguiças, tais
como não precisar decorar mais uma tabuada, saber os oito primeiros dígitos de “pi”
(π) depois da vírgula, não precisar saber contar ou saber
traduzir ou falar qualquer outra coisa que não seja, traduza, faça, ordeno, e
daí por diante.
Como se tornaram fáceis
as coisas, realmente ficaram muito fáceis, mas muito mesmo. Hoje é um tal de
comando por voz, em que você determina, “Faça tal coisa”, e já está sendo
providenciado o produto. Até impressora tridimensional foi inventada, e daí o
ser humano pode matar com arma feita em casa, mas com precisão profissional de
um “sniper”.
Mas nada mais me chama a
atenção, pois tudo já foi inventado, mas quando digo tudo, é tudo mesmo.
Imagine você, em uma
Igreja, seja lá de que religião for, e você aperta um botão de um cartão e o
cartão “queima” uma oração, que supostamente foi realizada por você, ou então
que esse cartão começa então a entoar a oração que você deveria fazer, mas que
por pressa, preguiça, ou comodidade deveria fazer e não o fez.
Essa é a tal da Reza Cibernética,
em que você aperta duas ou três vezes o tal cartão e lhe é debitado a mesma
razão em oração, e creditado ao Céus ou a algo que você queira dar o nome, te
livrando de todos os males.
Fico com a curiosidade
aguçada neste momento, pois se debita de você, credita a uma entidade 3D, e
você é absolvido de todos os pecados, acabou a razão para se ter fé.
Teremos fé em que então?
No cartão, no Token (esse nome é mais bonito ainda), ou em outro instrumento de
orações? Você é Católico, então reze o terço com um terço do tempo e um terço
de dinheiro, e você poderá se não tiver crédito, pagar em 3 vezes, esse é o
dízimo para com a igreja.
É Protestante? Não há
problema, faça suas orações sem necessidade de dízimo eletrônico (só o físico),
para com seu pastor.
Budista? Veja como ficou
Buda em meditação, isso porque não utilizou os nossos créditos de cartão de
reza.
Uma banalidade que
escrevo, mas que não é invenção minha não. Hoje em meu Facebook, recebi de um
amigo virtual um cartão também virtual, onde me levava a comprar um acessório,
em que eu apertaria a traseira desse objeto e tinha a minha oração convalidada
nos céus, por um preço de apenas R$ 99,99 quase R$ 100,00 Reais, que me
levariam diretamente aos Céus, sem passagem sequer pelo purgatório, muito menos
pelo Inferno.
Então meus queridos e
queridas, vejo vocês no Céus, onde estarei ao lado de diversos personagens de
um poder aquisitivo maior, que tiveram a condição de comprar o tal objeto, e
capaz também de terem comprado um terreno para construir ou já uma mansão
pronta, nos jardins Celestes, próximo aos portais de Deus.
E é nessa condição que
vos falo;
Prazer em Recebê-los.
Clóvis Cortez de Almeida