Para
mim, palavra é palavra, não se volta atrás, mas não é assim para
todos.
Quando
pequeno, meus pais sempre me educaram na sintonia do Certo, da coisa
Certa, da Atitude Certa, e esse comportamento vem me seguindo ao
longo dos meus 52 quase 53 anos de idade.
As
coisas nem sempre são fáceis, mas quando nos é apresentada, temos
que tomar um fôlego, analisar friamente o problema e daí sim, se
comprometer ou não com o problema apresentado.
Certa
vez, ainda moleque estudando eletrônica, quando eu e um colega
pegamos um televisor para consertar, um televisor colorido de 19”,
Philco, B-819, tivemos um episódio interessante.
Estava
ainda no começo da carreira de Técnico, sem muita experiência,
pois no local onde trabalhava, eu era técnico de TV preto e branco
valvulares.
Mas
isso não me assustava, mesmo porque minha curiosidade pela
tecnologia estava acima de mim, e meu furor em desmontar e montar as
coisas, saltavam de minhas veias.
O
que me aterrorizou, foi saber que aquela TV em particular, pega pelo
colega, era apenas do Chefe do Meu Pai, um então Tenente da
Aeronáutica, da Base Aérea de São Paulo, conhecida como Cumbica.
Abri
o equipamento, examinei-o profundamente, coloquei o fio na tomada e
liguei.
Aparentemente
tudo funcionando, conforme mostrava um Meeter (Abreviação de
Multimeter), um equipamento caro para os padrões da época que havia
ganho dos meus pais.
Fonte
baixa ok, fonte alta ok, AGC (automatic gain control) ok, AT (alta
tensão) também ok, e a imagem foi surgindo suavemente, mas um pouco
distorcida.
Um
ponto vermelho que não se sobrepunha sobre o ponto azul e que não
se sobrepunha sobre o verde. Parecia o que hoje chamamos de 3D.
A
convergência dessas três cores primárias, é que faziam o branco
total na tela, pois está errado quem pensa que cor primária é
vermelho, amarelo e azul.
Respirei
fundo, pois naquele momento já sabia o que era, pensei, meditei e
por fim falei ao colega: É o Chadomask (tela que ia dentro do Tubo,
fina que em cada ponto passava 3 feixes de luz, produzindo as cores).
Dentre
as broncas que levei em casa, por estar consertando algo que não
entendia direito, e aquela coisa era do chefe do meu pai, custava o
TRC (tubo de raios catódicos) o equivalente hoje a um carro zero
popular.
Chamei
o dono da TV, lógico que em horário que meus pais não estavam em
casa, expliquei com teoria o defeito e ele aceitou em fazer o
conserto.
A
partir desse momento, a lição maior que meus pais me ensinaram
começavam a fazer sentido, de nunca prometer, mas eu já havia pego
o dinheiro do dono da TV.
Já
estava compromissado, enrolado até mais do que o pescoço, sem poder
dizer que não iria fazer para o dono da TV e sem poder dizer aos
meus pais que iria consertar a TV.
O
tempo, logicamente passou, e com ele a idade adulta veio, trazendo
consigo mais responsabilidades até um dia em que fui chamado para
fazer parte de uma organização, e nesta organização, o vigésimo
nono mandamento diz: “Você não é obrigado a prometer, mas uma
vez o fazendo se torna responsável”.
Isso
calou fundo em meu pensamento e hoje, para cada ação que prometo
fazer, me utilizo dessa máxima, e porque já foi analisado, previsto
as circunstâncias certas e erradas, totalmente consciente da
responsabilidade, e com um quesito a mais, o de sempre respeitar a
máxima ensinada, não por essa organização, mas pelo meu pai que
me introduziu as boas condutas.
Assim
sendo, deixo a todos o meu respeito e sinceros votos de …
Há,
a TV?
Sim,
era realmente o TRC, que troquei ajustei e ficou como nova.
Prazer
em Recebê-los
Clóvis
Cortez de Almeida
Nenhum comentário:
Postar um comentário