Pensei muito em escrever ou não sobre a data de hoje.
Procurei outros assuntos, me inquietei vendo televisão, mas no final estou
aqui, pronto para mais umas palavras, que ficarão gravadas, porém já não sei
mais se serão ou não vistas por alguém ou se serão espionadas pela Cia de
Inteligência Americana, quem sabe?
O fato é que chegamos a mais uma data comemorativa
brasileira, dia de desfiles militares, desfiles civis, bandas, fanfarras, e por
último, não por ser menos ou mais importante, mas manifestações.
Dia em que minha Loja Maçônica foi considerada apta a
trabalhar pela humanidade, dia em que alguns amigos meus fazem aniversários, alguns
de vida, outros de morte, mas enfim, dia em que comemoro diversas alegrias e
tristezas.
Faz-me remeter aos anos de 1966, 1967, 1968 e 1969, quando
estava estudando no Grupo Escolar Costa Braga, em Guaratinguetá, cidade esta do
Estado de São Paulo.
Fui matriculado no primeiro ano em 1966, já alfabetizado por
minha mãe, quando o diretor daquele colégio disse aos meus pais que eu não
poderia fazer o primeiro ano do Grupo Escolar por ter apenas 6 anos de idade.
Esperneei, chorei, embirrei até quando meus pais me viam com
olhos de um estudioso, e convenceram o então Diretor que eu estava no amplo
sentido preparado para começar a galgar os degraus do conhecimento.
Fui estudar a História do Brasil, aquela descrito nos livros,
onde um português de nome Cabral havia descoberto o Brasil, a primeira missa, o
reinado, o jugo de Portugal, e por fim a sua Independência, tão bem retratado
por Pedro Américo no quadro da Independência.
Hoje, observando as condições atuais de meu país, fico
pensando se não seria melhor ainda o jugo Português, ou Espanhol ou Holandês ou
Francês, sei lá, mas ficar da forma que estamos vivendo não é mais possível.
Lembro-me bem, quando chegava 7 de Setembro, minha mãe
engomava minha camisa branca, minha calça curta marrom, minha meia que vinha
até os joelhos, meu sapato bem engraxado, e seis e meia da manhã estava em
forma, como dizem os militares, na avenida principal de Guaratinguetá, pronto
para marchar.
Eram pequenos mil e quinhentos metros, mas que marchava com
orgulho no peito, peito este estufado pela solenidade e pelo patriotismo que
girava em torno de nós alunos.
Ao chegar ao final da formatura, nos átrios da dispersão,
encontrava-me com minha mãe e meu pai, que carregavam até então da minha irmã
caçula, que ficava empolgada em ver seu irmão ali, valente, bravo, com um
civismo a flor da pele, que marchou como ninguém.
Hoje, passado alguns poucos anos, poucos mesmos, estou
observando vendo minha televisão, com medo, medo de sair de casa e me deparar
com pessoas se vestindo com as Bandeiras do Brasil nas costas, dizendo ser
patriota, ou com grupo de arruaceiros prontos a vandalizar com outros de mesmo
grupo com o patrimônio que é meu também.
Fazendo de passeatas de protestos, mas sem um foco, sem uma
organização, derrubando, quebrando, assaltando com uma gana incontida os
prédios, as estátuas e tudo o que representa nossa cultura, nosso patrimônio,
nossa identidade.
O medo de sair nas ruas e ser atingido por uma bala de
borracha, ou gás de pimenta nos olhos, ou de uma lata de lixo vindo sobre nossa
cabeça, somente para chamar a atenção, nem sempre daqueles que nos governam,
mas de pessoas que nada tem a ver com as reclamações.
É tanto tumulto que já existe um grupo fazendo passeata
contra passeata, grupo que tumultua contra tumultos, atrapalhando pessoas nos
seus trajetos, nas suas vias, impedindo ambulâncias, carros, ônibus, taxis, enfim,
toda nossa frota de veículos e pessoas que precisam chegar ao seu destino,
sendo tratado com indignidade, com desprezo por aqueles que se rotulam
pacificadores, que se rotulam pessoas respeitosas.
É tanta coisa, que passaria aqui, por muito tempo escrevendo
sem chegar a uma conclusão objetiva, sem mesmo saber o porquê dessas
manifestações, dessas atitudes.
No começo era uma passeata contra R$ 0,20 centavos por uma
passagem de ônibus, mas foi se ampliando, ampliando sem rumo e foco, que virou
já motivo de piadas. Será que nós vamos sair antes da passeata que não quer
sapato velho para o povo ou depois da passeata que irá definir se o pelo do
cachorro não pode ser podado com menos de cinco centímetros.
Piadas é a única coisa que se ouve do governo que tem nas
mãos, a força de um povo derrotado.
Se não for revisto tudo isso, jamais deixaremos de ser rotulados
como povo de terceiro mundo, mas sim fixarmos melhor no povo pacífico que não
tem o menor interesse em política, mas que dá o maior valor ao futebol,
estádios, arenas gigantescas, dinheiro sendo gasto sem necessidade, enquanto o
povo precisa é de hospitais, escolas, segurança.
Bem, não há o que mais falar, senão
Prazer em Recebê-los.
Clóvis Cortez de Almeida.
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