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quarta-feira, 12 de agosto de 2015

A Marca que deixamos nas Pessoas



Uma das minhas maiores preocupações, é saber que marca vou deixar em quem eu conheço, se será uma boa ou uma má cicatriz, daquelas que não tem como mais ter condições de conserto.
Quando vou conhecer uma pessoa, procuro num bom e forte aperto de mão, olho no olho e dizer que é uma satisfação estar conhecendo aquela pessoa, para que num futuro encontro possa aquela pessoa estar com ânimo de me reencontrar.
Um sorriso no rosto, algumas palavras positivistas, para mim é um bom começo, pois a empatia depende realmente da primeira vista.
É muito difícil desfazer um mal primeiro encontro, as pessoas que se fazem antipáticas da primeira vez, tem em seu semblante a característica de que não quer sua amizade, ou para ela, você não tem a menor importância em tê-la conhecida.
As vezes, não se trata da pessoa, mas vai carregar uma antipatia para o resto da vida, por causa de um simples episódio de que poderia ser evitado, com apenas gestos mais amigáveis, ou mais amáveis.
Muito difícil você carregar o peso de que não gostou daquela pessoa, ou do que não foi aceito por aquela pessoa.
Os ânimos, depois de um conhecimento, vão se perpetuar, em você e na outra pessoa, fazendo com que vocês escolham em se tornarem amigos ou inimigos, e para desfazer essa condição, tem que ter uma longa reflexão de uma das partes, e também fazer com que a outra aceite esse novo ponto de vista.
Inimaginável quando você ao olhar nos olhos de seu interlocutor e ver uma simpatia, parece que meio caminho já foi dado, basta agora uma pequena argumentação sua ou da outra parte para fazer o círculo mágico que o universo conspirou.
Se você está atrás de um pedido, de um favor, ou de qualquer coisa, até mesmo de uma amizade, a mágica conspira por você, e em três minutos depois você já tem o que foi buscar.
Porém, se a antipatia for o primeiro mostruário, pode esquecer daquele favor, daquela amizade, daquilo que você foi procurar.
Para você desfazer essa marca, é um processo lento, com muitas tentativas para terminar com essa antipatia inicial.
Uma porque você não sabe o que leva o interlocutor a agir daquela forma, ou você, e para reparar algo que você desconhece, mesmo sendo o autor da barbárie, é complicado a reflexão.
Afinal, você deve colocar-se no lugar do outro, mas em todos os sentidos, para que seja lhe esclarecido o ponto inicial daquela marca deixado em você ou na outra pessoa.
O que passa na cabeça da outra pessoa, ou o que ela estava fazendo e foi interrompida para ter aquele encontro com a sua pessoa, e isso vale para você também.
Que serviço você deixou de fazer, ou que laser você interrompeu, o como foi seu dia até o momento de encontrar seu interlocutor.
Tenho medo, confesso, de deixar uma mancha feia em alguém, e é por isso que procuro, ao ir ao encontro de uma pessoa, ou de receber um desconhecido, primeiramente em me preparar para ser recebido ou para receber.
Uma boa respiração tranquila, uma pausa naquilo que estamos fazendo, um minuto de silêncio, para mim resolve muito a questão da antipatia ou não.
Um sorriso, um fraternal abraço ajuda e muito, não só a nós, mas quebra qualquer pessoa que venha com negativismo para conosco, parece um mantra mágico de acolhimento entre as pessoas.
E depois que isso acontece, como falei, pode ter confiança e fé de que metade do que você gostaria que acontecesse já foi conspirado a seu favor.
Prazer em Recebê-los
Clóvis Cortez de Almeida.

domingo, 9 de agosto de 2015

Eu ouvi isso também


Devo avisar que não sou o protagonista desta história, nem fui eu que presenciou, apenas ouvi a história. Vou mudar os nomes, é lógico para evitar de denunciar as pessoas.
 
 
Bem vamos ao fatos. Eu estava sentado no banco escolar quando fomos fazer nossa confraternização de final de ano, afinal de contas, já estamos juntos desde junho deste ano, o que faz da turma que começou com 35 alunos da Pós-Graduação em Direito, passar para apenas 10 regulares e corajosos estudantes.
 
 
Já com uma semana antes das aulas quinzenais, começamos organizar quem levaria o quê para que todos pudessem saciar sua vontade mais de bater papo do que realmente comer, apesar que ninguém dispensou nenhum pedaço de tortas, doces, bolos, sucos que foram por nós levados.
 
 
Eu já havia falado que normalmente as mulheres levariam os comes e os homens os bebes, e que eu iria pegar uma colega na casa dela, para evitar de que ela viesse com as delícias gregas que estavam prontas para nós.
 
 
Uma das colegas, apesar de me chamar de engraçadinho também falou que eu estava sendo aproveitador, imaginem só, eu aproveitador onde?
 
 
Começamos a aula, como combinado, as 08:00h em ponto e todos nós, inclusive o professor daquela turma, estávamos de olho no relógio que fica pendurado na câmera que nos filma. O tempo ia se passando, a fome foi chegando, e todos nós aguardávamos as 10:00h.
 
 
Os debates estavam acirrados quando bateu 10:00h no Mosteiro de São Bento, e nós na Paulista, com ouvidos aguçados, poderíamos ouvir as 10 badaladas nos sinos daquela igreja.
 
 
Mais do que rapidamente, fomos lavar nossas mãos e nos apropriarmos daquela fartura, daquela mesa colorida, daqueles sucos que aplacariam nossa sede. Eram só 15 minutos de lanchinho mas não precisa dizer que como estávamos com o Mestre na Sala, estendemos muito mais que esses 15 minutinhos, afinal de contas, era nossa última aula de 2012.
 
 
Como sempre, quase para acabar o nosso tempo estendido, e longe para acabar o lanche, um colega, que agora não vem o caso seu nome, muito divertido, e diga-se de passagem muito legal começou a contar um “causo”, e como começou muita ênfase, começamos a parar nossos assuntos paralelos, para darmos início a escutar o que o Zeca falava.
 
 
Lá estava o Zeca confessando que passeava num shopping da sua cidade, e digo confessando porque não faz o gênero do Zeca tal atitude, e de repente ele fala de um desconhecido que vinha em sua direção, mas bem distante.
 
 
Logo atrás dessa figura, uma mulata daquelas de fazer fechar as lojas do shopping, ou de parar o trânsito, como se fala. Era uma daquelas mulatas que arrebenta a cabeça de qualquer português, e digo português pela célebre música que diz: “Galinha preta que bota ovo branco, mais de uma vez, pode ter certeza que o galo é português”.
 
 
Essa mulata encontrava-se próximo ao Zeca, e também próximo ao Zeca, um grupo de mocinhas, que riam e conversavam em som alto, atrás desse amigo narrador.
 
 
Também, bem a frente, em sua direção, na linha reta de sua vista, um cara, como diz o Zeca, boa pinta, bem apanhado, um terno alinhado, gravata combinando com a felicidade do ambiente, sapatos engraxados, um lenço branco que segurava em sua mão, e olhar fixo para frente.
 
 
O Zeca, cruzou o olhar com o cidadão, mas não deu a devida atenção, até mesmo porque o olhar desse cidadão, poderia estar na direção da mulata, ou da meninas que estavam próximas ao Zeca.
 
 
Mas, numa segunda olhada, Zeca começou a perceber algo pouco estranho, as meninas todas empolgadas com aquele “pedaço de mal caminho” para elas, começavam a olhar para o cidadão e darem algumas risadinhas insinuantes.
 
 
O olhar do cidadão estava fixo, e mais uma vez Zeca cruzou o olhar, desta vez com uma certa desconfiança. O cidadão agora, passa pelas meninas e continua olhando fixo e Zeca agora preso por aquele olhar compenetrado do cidadão.
 
 
O olhar estava voltada para ele. Era para ele. Zeca começava ficar transtornado, e ali começou a travar a velha e boa cruzada de olhares.
 
 
A batalha começava,com agora a insistência de um jogo, Zeca resolver aceitar, e compenetrou seu olhar nos olhos daquele cidadão.
 
 
O cidadão olhava, Zeca olhava também; o cidadão continuava a olhar e Zeca também. Foram segundos que se tornaram eternidade, e a batalha continuava.
 
 
Os olhares fixos, cada qual nos olhos de seu oponente se mantinha enquanto o cidadão caminhava e Zeca, parado, gélido, estático, ficava aguardando a reação do cidadão.
 
 
Próximo ao elevador, Zeca não se mexia, com a esperança de que fosse para a mulata o olhar, afinal de contas, a pele, os lábios, o rosto, enfim, o conjunto era para deixar qualquer marmanjo “babando”, ainda mais com aquele vestido cujo comprimento era pequeno, bem pequeno.
 
 
Um vestido florido, branco com rosas verdes, deixava aquela pele, achocolatada da mulata, muito mais doce e agradável que um “Sonho de Valsa”.
 
 
E o cidadão vinha, passo a passo, com o olhar fixo no Zeca, e este num repente volta-se para a mulata que estava logo a uns 20 ou trinta passos às suas costas, próximos ao elevador.
 
 
Não era o dia do Zeca, a mulata acabava de chamar o elevador e este começava a descer, e o cidadão de olhos cerrados para nosso amigo Zeca.
 
 
Batalha travada, agora não tinha volta. Encararia com a mesma intensidade aquele olhar, e o cidadão chegando mais perto. 
 
 
Logo, faltando uns 10 passos de seu contato, Zeca olha para a mulata que já não estava mais lá, havia entrado no elevador, e o cidadão vindo a seu encontro.
 
 
A situação estava tensa, quando o cidadão se aproximou de Zeca, que sem ação aguardava com até ansiosidade esse encontro.
 
 
E o cidadão que acabara de chegar até Zeca, parou a sua frente e falou: - “Meu senhor, poderia me informar onde posso encontrar a Rua Tal aqui neste shopping?”
 
 
Rapidamente Zeca o informou, e sentiu-se aliviado por não ter levado a cantada até aquele momento já pré-anunciada.
 
 
Assim sendo, com todos os colegas, agora esclarecidos, fomos deixando nossos lanches, para tomarmos nossos assentos, e começar a aula sobre união Homoafetiva. 
 
 
Foi a graça a aula.
 
 
Então: Prazer em Recebê-los.
 
 
Clóvis Cortez de Almeida

Uma questão de honra

Para mim, palavra é palavra, não se volta atrás, mas não é assim para todos.
Quando pequeno, meus pais sempre me educaram na sintonia do Certo, da coisa Certa, da Atitude Certa, e esse comportamento vem me seguindo ao longo dos meus 54 anos de idade.
As coisas nem sempre são fáceis, mas quando nos é apresentada, temos que tomar um fôlego, analisar friamente o problema e daí sim, se comprometer ou não com o problema apresentado.
Certa vez, ainda moleque estudando eletrônica, quando eu e um colega pegamos um televisor para consertar, um televisor colorido de 19”,Philco, B-819, tivemos um episódio interessante.
Estava ainda no começo da carreira de Técnico, sem muita experiência,pois no local onde trabalhava, eu era técnico de TV preto e branco valvulares.
Mas isso não me assustava, mesmo porque minha curiosidade pela tecnologia estava acima de mim, e meu furor em desmontar e montar as coisas, saltavam de minhas veias.
O que me aterrorizou, foi saber que aquela TV em particular, pega pelo colega, era apenas do Chefe do Meu Pai, um então Tenente da Aeronáutica, da Base Aérea de São Paulo, conhecida como Cumbica.
Abri o equipamento, examinei-o profundamente, coloquei o fio na tomada e liguei. Aparentemente tudo funcionando, conforme mostrava um Meeter (Abreviação de Multimeter), um equipamento caro para os padrões da época que havia ganho dos meus pais.
Fonte baixa ok, fonte alta ok, AGC (automatic gain control) ok, AT (alta tensão) também ok, e a imagem foi surgindo suavemente, mas um pouco distorcida.
Um ponto vermelho que não se sobrepunha sobre o ponto azul e que não se sobrepunha sobre o verde. Parecia o que hoje chamamos de 3D.
A convergência dessas três cores primárias, é que faziam o branco total na tela, pois está errado quem pensa que cor primária é vermelho, amarelo e azul.
Respirei fundo, pois naquele momento já sabia o que era, pensei, meditei e por fim falei ao colega: É o Chadomask (tela que ia dentro do Tubo,fina que em cada ponto passava 3 feixes de luz, produzindo as cores).
Dentre as broncas que levei em casa, por estar consertando algo que não entendia direito, e aquela coisa era do chefe do meu pai, custava o TRC (tubo de raios catódicos) o equivalente hoje a um carro zero popular.
Chamei o dono da TV, lógico que em horário que meus pais não estavam em casa, expliquei com teoria o defeito e ele aceitou em fazer o conserto.
A partir desse momento, a lição maior que meus pais me ensinaram começavam a fazer sentido, de nunca prometer, mas eu já havia pego o dinheiro do dono da TV.
Já estava compromissado, enrolado até mais do que o pescoço, sem poder dizer que não iria fazer para o dono da TV e sem poder dizer aos meus pais que iria consertar a TV.
O tempo, logicamente passou, e com ele a idade adulta veio, trazendo consigo mais responsabilidades até um dia em que fui chamado para fazer parte de uma organização, e nesta organização, o vigésimo nono mandamento diz: “Você não é obrigado a prometer, mas uma vez o fazendo se torna responsável”.
Isso calou fundo em meu pensamento e hoje, para cada ação que prometo fazer, me utilizo dessa máxima, e porque já foi analisado, previsto as circunstâncias certas e erradas, totalmente consciente da responsabilidade, e com um quesito a mais, o de sempre respeitar a máxima ensinada, não por essa organização, mas pelo meu pai que me introduziu as boas condutas.
Assim sendo, deixo a todos o meu respeito e sinceros votos de …
Há, a TV?
Sim,era realmente o TRC, que troquei ajustei e ficou como nova.
Prazer em Recebê-los
Clóvis Cortez de Almeida

Mais um pouco de reflexões.

Feliz Ano Novo, é o que começa todos os cartões, saudações nesta época do ano, época esta em que precisamos de uma reanálise de nosso passado, não tão distante assim.

É uma época contente para alguns, triste para outros, mas necessário se faz de que esse retrospecto seja feita de dentro para fora, uma forma de dicotomia em nossos pensamentos, e talvez, digo talvez, alguns pesamentos novos, idéias novas, projetos novos para nossas vidas e também para quem dela participe.

O que fizemos em Dois Mil e Catorze, deve ser a primeira de todas as indagações, para que nossa reflexão seja a mais assertiva possível, e uma vez terminada com a pergunta em questão, as respostas irão começar a fluir em uma velocidade enorme, a todo o vapor, como diriam os mais antigos, chegando a ser mais rápido até que enorme velocidade da Luz.

Fui um bom filho? Um bom Pai ou Mãe, um bom marido ou esposa, enfim, no que fui bom e no que não fui, começa a fazer de nosso cérebro, uma maquininha de passar filmes, daquelas antigas do cinema do bairro, onde ao se apagar as luzes da platéia, nossa consciência começa então a se fazer presente.

Quantas vezes não paramos no meio do filme para tomar uma água, ou comer algumas pipocas, ou até mesmo irmos fazer xixi, já que pode demorar segundos terrestres, mas também pode demorar anos-luz, conversarmos com pessoas para que elas nos dê uma dica de quem fomos em dois mil e catorze.

Vocês estão prontos? Então vamos lá, apagam-se as luzes, fecham-se as cortinas, o silêncio se faz presente, a máquina do tempo foi ligada e começa com o primeiro dia do mês de Janeiro.

Nossos parentes ou não em nossas voltas, todos brindando, pedindo que o ano que inicia seja melhor do que o passado, e assim por diante. Crianças que não sabem o significado do Ano Novo, reunem-se a nós com uma alegria contagiante.

Vestimos branco ou amarelo, pulamos sete ondas nos mares, subimos algumas montanhas, cumprimentamos a todos que passam por nós, e assim começa nosso ano, exatamente como planejamos, cheios de Alegria, alegria esta contagiante, distribuindo amor por todos os lugares em que passamos.

Bom dia, boa tarde, boa noite, passou a ser nossas palavras preferidas, mesmo com pessoas que não conhecemos, e assim fazemos nosso caminhar pelos longos e obscuros trezentos e sessenta e quatro dias que estão por vir.

A alegria toma conta de nosso ser, e com isso todos nós radiamos um pouco da Luz Divina, da Luz Solar que nos envolve.

O Tempo vai passando em com ele acostumamos os meses que se seguem, as chuvas de março, o frio gélido de nosso inverno, o início de nosso outono, primavera em nossos corações, e novamente o brilho de nosso verão, e quando percebemos, já estamos no Natal novamente.

Mas o que fizemos de bom nesse período? É o Grande Arquiteto do Universo quem vai decidir, Ele quem vai determinar se fomos ou não cumpridores dos mais profundos prometidos que fizemos no ano que se iniciou em Janeiro, sobre nosso livre arbítrio.

Como vamos passar, como vamos agir com as incoerências de nossas vidas, em que um tem que buzinar com força no ouvido do outro que atravessa a rua, ou ficar com nossa silhueta sisuda perante uma palavra que não aprovamos, ou com raiva por não estar com aquele maravilhosos carros que sonhamos no início de nossa jornada.

Somos nós que iremos experimentar ou nos deixar conduzir por todos esses sonhos imortais de nossa existência, de nossa humilde existência neste plano, cujos planos são feitos por “alguém” superior a nós.

Estaremos preparados para todos nossos sonhos concretizados, ou será que não se faria melhor uma preparação para nossas conquistas? Seriam somente conquistas materiais que nos fariam melhor ou precisamos de fazer nossa conquista espiritual o nosso objetivo final?

Quem sabe não dizer “Eu Te Amo” para pessoa amada, pelo menos uma vez por dia. Não dizer um bom dia para todos a quem nós cruzamos nas ruas, avenidas, escritórios, trabalhos, para que nosso fardo seja bem mais leve.

Não seria o caso de deixar para lá, nossos sentimentos mesquinhos de quero mais do que posso sustentar, só pelo poder, pelo dinheiro. Esse bendito, maldito dinheiro, que nos leva a ambição de cada vez mais querer juntá-los,tudo em uma caixa, onde nós, e somente nós temos a chave.

Já não sei mais, na altura dos meus Cinquenta e Quatro anos de vida, se vale a pena juntar bens materiais, em uma caixa, caixa esta que chamamos de “Caixa de Pandora”, e quando chegar nosso final, ela estará lá, a caixa,mas aberta para que façam uso e gozo daquilo que guardamos,miseravelmente juntamos...

“Meu caixão não tem gavetas”, e por isso, não quero carregar mágoas das pessoas, nem bens materiais, mas quero levar uma coisa comigo, e essa não abro mão de fazê-lo, a amizade de todos vocês. Gisis, o rei da Líbia Menor, há de se revoltar com essas minhas palavras, pois sem sua invenção, o dinheiro, não estaríamos nessa correria desenfreado para obter um pedaço de papel timbrado um valor.

Quero que no dia de minha despedida desta jornada, possa ser tocado ao fundo do meu velório, “Violino Romântico” de Beethoven, quero que seja um dia feliz, para todos os meus amigos, parentes. Aqueles que não puderem estar nesta cerimônia, guardem em seus corações minhas palavras, pois não considero minhas atitudes como aquelas em que devem ser colocadas como exemplo.

Um dia em que o Sol se misture a uma pequena garoa, para levar minhas alegrias a todos os recantos da terra, que a luz deste sol, a todos ilumine, para continuar com seus projetos, seus sonhos.

Pois bem, já comecei a fazer minha retrospectiva, não aquela da TV onde tudo é tão frio, congelado, e parece ser repetições de anos e anos passados, mas uma recordação de tudo o que me foi bom, e de tudo que me doeu a alma.

Começo meu ano, vindo da Argentina, cheio de si, após uma crise do pânico, e com essa alegria tal, quinze dias depois a perda de minha Mãe. Não tenho remorso nenhum, pois com ela passei os melhores dias de minha vida.

Parto para minha conclusão de curso, e bem depois meus cinquenta e quatro anos, que foram intensos, maravilhosos, sempre alimentado pelo amor, fé, esperança e alguns poucos momentos de caridade.

Encerro aqui minhas reflexões e instigo a todos que façam as suas também, e que estejam realmente preparados, com lenços a mão, pois por certo terão nessa trajetória, muitos momentos de choro de alegria e de tristeza.

Que venha Dois Mil e Quinze, com meus rogos de muita Saúde e Paz a todos, todos mesmos. Aqueles que estão lendo essa carta, a todos os que não estão lendo, os que já fazem suas reflexões, e para os que não fazem, mas que podem começar a fazer a partir deste ano.

Assim sendo, Prazer em Recebê-los.

Clóvis Cortez de Almeida

Pena Capital, mais uma opinião.

No dia de hoje, o assunto é pena capital, se é ou não humanitária, se é ou não correta, se é ou não aplicável, se fere ou não a soberania de um País, e tudo pelo fato de um brasileiro ter sido fuzilado na Indonésia, onde a pena capital é aplicada.

Diz a Folha de São Paulo, que Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos fazia planos para o futuro, um futuro esse já conhecido por ele desde 2003 quando foi pego com drogas na Indonésia.

A Lei da Indonésia é muito clara para aquele que vai para o país, ou seja, não é uma lei escondida, ou que não possa ser reconhecida por qualquer pessoa que deseje entrar no país, seja para passeio ou a negócios.

Não são signatários das leis dos Direitos Humanos, tal como é o Brasil e outros tantos países, e por isso choca aqueles que não desejam e não suportam a aplicação da Lei.

Mas ela é necessária naquele país, onde o tráfico é um mal que deve ser cortado pela raiz, para até mesmo desestimular qualquer tentativa de violação.

Um brasileiro foi para Indonésia já sabendo do tipo de Lei iria enfrentar caso fosse pego, e foi isso o que aconteceu.

E não só ele, mas um outro brasileiro, que está também no corredor da morte pelo mesmo crime, portando quantidade gigantesca de drogas em uma prancha de Surf.

Gostaria de acreditar, que esse piloto, foi a Indonésia para negócios ou para visitar parentes, mas precisava ele levar consigo drogas? Precisava ele tentar burlar as leis locais?

Temo que minha indagação esteja errado, porque ninguém entra num país com a quantidade de droga que ele entrou, apenas para passeio ou para seu próprio consumo.

Cinquenta e três anos de vida, de uma vida desperdiçada diria eu, pois o fim foi previsto há onze anos, quando sua tentativa foi mal sucedida, e já estava escrito.

O Brasil por sua vez, fez a sua parte diplomática, mas até que ponto poderíamos sobrepor a soberania da Indonésia fazendo valer a nossa soberania?

No Pacto de San José da Costa Rica, onde o Brasil é signatário, ou seja, onde o Brasil aceitou o pacto e tem que cumpri-lo, diz na carta dos Direitos Humanos, que não aceita a Pena Capital, ou seja Pena de Morte.

O Brasil, apesar de ter assinado tal pacto, ainda mantém em nossa constituição a pena de morte, para os casos previstos, tal como casos de guerra, e em circunstâncias a serem analisadas.

Será que se fosse aqui no Brasil, a imposição de uma Lei sobre um estrangeiro, e tivesse que ser cumprido para exemplo aos povos imigrantes, ou até mesmo para o povo local, o não cumprimento pelo simples fato de que um país desse uma ligada ao nosso comandante in chefe e solicitasse anistia?

Acredito na soberania Nacional, onde nossa constituição fale mais alto que qualquer outra lei, e assim não posso dizer que a Indonésia esteja errado no que fez.

E ainda mais, no que vai ainda fazer com o segundo julgado, para que aterrorize os brasileiros que pensam em ir para até a Indonésia para fazer tráfico, tirando todo estímulo, deixando o povo da Indonésia livre dessa maldição mundial.

Façamos nossas preces, orações, vibrações para esses dois brasileiros, mas não podemos julgar a Indonésia pela pena aplicada em seu país,uma vez que está escrito em seu Diploma Maior, sua Carta Magna de que haverá pena Capital para aqueles que tiverem em seu poder, ou trafiquem Drogas.

Prazer em Recebê-los


ClóvisCortez de Almeida

Vencendo Desafios

Um dos maiores desafios que um homem pode ter, é ter que desafiar a si mesmo, em uma empreitada de vida e de morte, saindo-se vencedor, nem que por alguns segundos apenas.

Alguns dias se passaram até que pudesse novamente voltar a escrever, algumas linhas como estou fazendo agora. Uma forte dor me corroía por dentro e por fora, colocando-me as forças por baixo de minhas expectativas, e meus medos acima delas.

Pedras na vesícula me impediram de fazer muita coisa nestes últimos dias, e o medo de uma nova interferência cirúrgica ia esgotando pouco das minhas parcas forças, me levando a quase uma depressão profunda, senão foi essa o que realmente passei.

O medo era minha única companhia, era minha sombra em tudo que eu tinha que fazer, até mesmo me deitar ou levantar de minha cama. Era muito mais forte do que eu.

Nem os incentivos de minha esposa, de meus familiares e amigos eram suficientes para me animar a sair de casa, ir para o escritório, ou para algum médico ou hospital a fim de realizar algum exame, dependia exclusivamente de mim, do meu eu pessoal essa nova convicção.

Hoje, cá estou. Defronte ao computador, que ficou rejeitado a minha bancada, desligado em casa e no escritório, por não haver mais ânimo, ou vontade de estar em Redes Sociais, Grupos de Debates, Fóruns, e até mesmo E-mails, para ligá-lo novamente, tentando por uma sorte, construir um futuro, melhor ou pior, mas um futuro, em que possa estar envolvido nele.

Sempre fui de tecnologia, e já estava cansado de ver bits e bytes, tudo matematicamente colocado, em matrizes e determinantes, matérias que estudei em meu ginásio e colegial.

Hoje, estou aqui, para não só vencer o meu medo, mas para também para vencer o meu medo. O medo de ficar em casa, o medo de sair dela, o medo de vir ao meu escritório, o medo de ficar nele, o medo de enfrentar um trânsito, o medo de dirigir em pistas vazias.

O medo de estar vivo, o medo de viver mais um dia, ou mais uma hora, ou minuto, mas também o medo de deixar quem eu amo nesta terra.
Enfim, o medo de perguntar a mim mesmo, quem eu sou? O que estou fazendo aqui? Porque precisam de mim neste plano?

Esse enfim é o medo do desconhecido. O encarar face a face o Pai Maior.

Prazer em Recebê-los
 
(Clóvis Cortez de Almeida)