Enquanto espero a Dutra sofrer um descongestionamento,
resolvi sentar-me diante do computador para uma reflexão quase tardia de um
artigo que escrevi a bem pouco tempo, com o nome de Feminismo sem Hipocrisia.
No artigo citado, coloco a responsabilidade das mulheres na
educação dos filhos, onde sua revolução e suas conquistas trouxeram além da
responsabilidade global, uma cega visão ou até mesmo um grande disfarce para
não ver na atualidade as consequências que vem se arrolando.
No caso dos menores, deixei claro que não sou machista, muito
pelo contrário, parabenizo as mulheres por conquistarem seu lugar ao sol, porém
chamei-lhes a atenção para o fato da responsabilidade familiar, que não é só da
mulher, mas que esta responsabilidade, deixada de lado pela mulher, pois o
homem nunca teve tal responsabilidade, trouxe sequelas gravíssimas a criança e
a sociedade.
Ainda citado no artigo, falei sobre os delitos cometidos nos
anos de 50/60/70 e os atuais crimes que estão sendo praticados hoje, pelos
chamados “menores”, que se julgam acima do bem e do mal, colocando além de seus
iguais, homens e mulheres em risco de vida, fazendo coisas que adultos imbecis fazem
isso porque não tem referência ou não tem a educação séria que uma mãe fazia
nos anos 50/60/70.
Comentei com minha esposa, e verifiquei os comentários, os
pensamentos das pessoas em relação ao assunto abordado, e muito acabaram não
compreendendo, levando para o lado machista, ou pelo lado do “coitadinho” do
menor que não teve uma boa oportunidade na vida.
Não acredito nesta hipótese, pois nos anos 50/60/70, as
chances e oportunidades não diferem dos dias de hoje, muito pelo contrário,
hoje tem-se muito mais oportunidades, porém não se tem mais educação para ver,
ou para participar dessas oportunidades.
O mundo tomou um rumo de incríveis possibilidades para a
criança, jovem e adolescente, que deseja, ou que quer, ou mais ainda, que tem a
necessidade de ver seu futuro modificado. Com tanta tecnologia, ofertas de
empregos as pessoas preparadas e especializadas, não consigo admitir que alguma
criança, e quando falo criança digo até os 14 anos, diga que não tem mais
oportunidade, então tem que entrar no mundo do crime, para poder viver.
Vivemos no mesmo mundo, onde adultos e crianças vivem no
mesmo ambiente, partilhando e é essa a palavra da moda, das mesmas
oportunidades, das mesmas convicções, possa se tornar um marginal da sociedade,
um pequeno delinquente, uma pessoa que tem um curriculum policial a exibir,
sendo como no nosso mundo, quanto mais extenso o curriculum mais notório saber
se torna seu portador.
Dá-me arrepio na espinha quando escrevo em curriculum
policial, quando evidencio a marginalidade na vida deste que está em formação,
que seu espelho é uma imagem de criminalidade, que passar por uma carceragem,
seja ela na fundação C.A.S.A., ou posterior aos seus 18 anos, na real
carceragem, conhecido como Cadeia.
Que sua referência não é mais a figura do Pai, ou da Mãe, mas
sim do marginal da esquina, naquele que furta e rouba, à mão armada, levando
por muitas vezes a óbito o furtado ou roubado, mesmo que deles nada leve, só
pelo esboço do apavorado com a situação acaba tendo gestos não “amigáveis” por
esses menores.
A arma se tornou um instrumento de trabalho, onde o menor,
como numa fábrica, tem quase que “bater ponto”, trazendo para casa, não mais um
salário digno, mas sim o produto daquilo que roubou ou furtou, daquela vida,
que a partir do momento do furto ou do assalto, já fora ceifada.
Entram então o direito dos menores, explicitados no Estatuto
do Menor e do Adolescente, onde esse fica inatingível, intocável, no máximo uma
repreensão ou pequeno castigo de privação de liberdade, para ao completar a
maioridade, venha com ficha de um cidadão limpo, sem máculas, sem qualquer
mancha.
Fico então me perguntando, até onde vai isso? Até quando
fecharemos os olhos para essa situação? E infelizmente chego a uma conclusão
trágica, quando o poder do menor bandido, do menor infrator já não for mais
questionado, mas sim exemplificado por outros menores, que não tiveram
passagens policiais, e que venham a ser seus espelhos.
É muito mais fácil governar um povo burro, levado por ideias
muitas vezes implantadas por pessoas que tem o poder, para que estes sejam
apenas eleitores de curral, onde o animal, aqui o eleitor, é mandado e segue a
ordem de seu dono, o dono da fazenda, para fazer para esse dono, tudo o que lhe
mandarem.
Dai ao povo Pão e Circo, como já falava o filósofo, e governe
o mundo. Outra frase que me traz uma certa revolta, porque um povo burro não
aceita que você lhe abra os olhos, para mostrar-lhe que não é assim, que existe
outros caminhos, mas a cegueira, ou falta de compreensão só faz o que seu dono
estipula.
Ontem, dia 12 de Fevereiro de 2013, apareceu às 09:00h da
manhã, e tenho que frisar que 09:00h é no período matutino, um aviso escrito à
mão no quadro de aviso de todos os prédios do condomínio: “Hoje, dia 10 de
Fevereiro de 2013 haverá lavagem na Caixa D’Água dos prédios do condomínio.
Solicitamos a todos que não tomem água da torneira, para evitar passar mal”.
Quanto a escrita, tudo bem, quanto ao aviso está ótimo, mas
quanto a data, me chamou a atenção e fui falar com o síndico que estava na
portaria, junto com o subsíndico e um porteiro.
Causou-me estranheza quando o síndico me falou que nada havia
de errado, e eu chamando a atenção de que dia 12 era posterior ao dia 10, e que
nós já estávamos no dia 12.
Fui chamado de chato, do cara que não tem o que fazer, e
diversos outros nomes, que não ficaria educado colocar aqui, e o porteiro
falando, “olha, o senhor Clóvis tem razão”, e mandado ele calar-se
imediatamente.
Deixei para lá, pois vi que não tinha chance alguma de ganhar
aquela batalha, mas voltei a pensar no artigo, do Feminismo sem Hipocrisia, e
voltou-me novamente a falta que faz um instrutor dentro do lar, de alguém que
poderia explicar para aquele síndico quando criança que dia 12 vem depois do
dia 10.
Ao chegar a noite, lendo um bom livro, minha esposa novamente
me chamou a atenção para um desenho animado que estava passando e o desenho
fazia a seguinte história, bem dentro do contexto.
“Uma mãe, na época da segunda grande guerra, é convocada para
trabalhar numa fábrica, deixa seu filho com um babá, e junto deu ao babá um
livro com o título Psicologia Infantil. O Babá então vai trocar a criança, vai
dar-lhe comida e a criança cada vez mais revoltada, queria no desenho matar o
babá. O desenho se desenvolve até o momento em que a mãe ao chegar até a casa
do Babá, o vê em papos de aranha, sendo ameaçado pela criança, e daí essa mãe
fala se o Babá havia colocado o livro em prática e esse afirmava que sim, e a
resposta da mãe foi que você talvez não tenha utilizado o livro Psicologia
Infantil do modo correto. A mãe pega então a criança, põe ao colo e com o livro
começa a bater nas nádegas da criança com o livro, e a criança então começa a
obedecer e chorar. Então termina o desenho.”
Cheguei então a conclusão de que não estamos utilizando o
livro Psicologia Infantil da forma adequada, não os lendo para as crianças, mas
sim os fazendo aprender.
Então lhes digo: Prazer em Recebê-los
Clóvis Cortez de Almeida.