O ano inteiro passei me perguntando o
que gostaria de ganhar no Natal de dois mil e treze e logo em janeiro minhas
idéias ainda eram muito confusas, acabara de passar o natal de dois mil e doze.
É interessante quando pensamos em
futuro, muita gente diz que somos sonhadores ou até mesmo visionários, justo em
uma época em que ser visionário é normal, que não tem nada de futurista num
mundo onde o futuro é aqui e agora.
Em pleno carnaval e eu ainda pensava
o que ganharia de Papai Noel no ano de dois mil e treze, mas estava longe
demais, teria muito tempo ainda para pensar, ou melhor dizendo, muito tempo
para realizar o que haveria de pensar.
Comecei então a bolar determinados
planos com uma gravata nova talvez, ou com aquela meia branca, ou porque não
com aquelas luvas que me cairiam tão bem.
Não poderia deixar-me furtar aquele
sonho, que começa no dia seguinte ao Natal, e então já estava em pleno junho de
dois mil e treze sem nada ter de espectativa do que ganhar.
Comecei-me a preocupar por não haver
ainda pensado em nada, mas nada mesmo. Nada que não fosse um pouco material, um
pouco afetivo, um pouco mais amoroso, mas nada me vinha a mente, e olhe que já
era outubro de dois mil e treze.
Estava apenas cochilando quando me vi
em dezembro e ainda não tinha me vindo a cabeça nada que me satisfizesse ou que
me agradasse, mas por raios, tinha que haver alguma coisa, e daí comecei a
perceber que o tempo passa rápido demais.
Os dias foram passando, as horas
chegando e já estamos no dia vinte e quatro de dezembro de dois mil e treze e
ainda não pedi nada ao bom velhinho.
O bom velhinho já está saturado de
pedidos nessa época e por certo não irá aceitar o pedido de mais um cinquentão,
de mais uma criança crescida que não tem o que fazer, e que olha para os céus
todos os dias, na esperança de vê-lo em seu trenó com suas renas.
•Rudolph, •Dasher,
•Dancer; •Prancer; •Vixen; •Comet; •Cupid; •Donner • Blitzen.
Ou em português:
•Rodolfo; •Corredora; •Dançarina; •Empinadora; •Raposa; •Cometa;
•Cupido; •Trovão; •Relâmpago.
Como eu tenho uma boa inveja dessas
corredoras, que percorrem o mundo, em segundos, distribuindo sonhos àqueles que
acreditam.
O mundo é percorrido em segundos e eu
levei o ano inteiro achando que poderia deixar para um pouco mais tarde pensar
o que gostaria de ganhar no Natal.
São tantos presentes, são tantas
coisas que me pego espreitando nos cantos de minha memória, mas nada que me
venha à tona de estalo, mas que estalo se tive desde o dia seguinte de Natal do
ano passado.
Incoerência? Sim, mas nada de
anormal.
A noite chega, e então vamos às
festas. Terá defronte à árvore um monte de presentes, presentes para as
crianças e adultos que como eu, ficaram sonhando com o Natal deste ano.
As luzes se apagam, e como de costume
familiar, nos rodeamos na mesa, com farta alimentação, e começamos a fazer
nossas orações, como de costume, como uma tradição familiar.
Nessa oração, começo então a
exercitar meus pensamentos e vejo que tudo o que eu queria de Natal acabara de
ganhar naquele momento, naquele instante.
Meus sogros, meus cunhados e suas
famílias, a minha diminuta família ante a Consuada Portuguesa, depois diante de
uma nova mesa na casa de uma amiga-irmã que tenho, novamente nos abraçando, e
por último na Meia-noite desta noite, rodeando a terceira mesa, com meus pais,
cunhado e família, sobrinhos e irmãs, em uma uníssona oração festejando mais um
Natal, mais um ciclo em nossas vidas.
Talvez queiram aqui me corrigir,
falando sobre o nascimento de N.S. Jesus Cristo, mas vou um pouco mais além.
Sim além do nascimento físico mas sim o nascimento Espiritural que Êle se faz
presente em nossas vidas.
Vejo por sobre meus ombros crianças
abrindo seus brinquedos, adultos festejando, mil fogos de artifícios nos céus,
e então me pego à lembrança do que eu queria no Natal de dois mil e treze.
Uma casa repleta de Saúde, de
Harmonia, de Amizade, de Amor e carinho, povoando mais do que uma varanda, mais
do que uma casa, mas sim povoando o coração da humanidade que assim festeja.
Então, vou até a ponta da casa, lá,
olho para os céus e agradeço, fielmente agradeço por me dar mais este presente,
mais essa condição de me sentir importante para Deus, já que havia sido
atendido a todos os meus pedidos, sem ao menos fazê-lo.
Casas abençoadas, pessoas abençoadas,
todas tocadas pelo amor, todas ligadas pelo elo mais forte da corrente mais
forte, de um reino mais forte de um que tem sua coroa na cabeça, não para
mostrar que é o Rei, mas sim para mostrar, que para tornar feliz a humanidade,
às vezes necessitamos ser pregados na Cruz.
Na cruz do preconceitos e erros, na
Cruz das terríveis manifestações de revolta, de rebeldia, de ódio que nos
amordaça e nos faz cegos diante dos momentos que vivemos.
Então, agradeço aos Céus, pois minha
Cruz esse ano foi pequena em comparação a qualquer outra Cruz, agradeço por ter
colocado em meu caminho minha esposa e amiga, e todos as demais pessoas que
entraram em minha vida.
Não consegui pensar no que gostaria
de ganhar, mas por certo ganhei muito mais do que pensaria. A alegria de cada
um ao redor da mesa, já vale mais um ano, que prometo pensar no que ganhar em
dois mil e catorze.
Então vos digo,
Prazer em Recebê-los
Clóvis Cortez de Almeida