Um
dos maiores desafios que um homem pode ter, é ter que desafiar a si
mesmo, em uma empreitada de vida e de morte, saindo-se vencedor, nem que
por alguns segundos apenas.
Alguns dias se passaram até que
pudesse novamente voltar a escrever, algumas linhas como estou fazendo
agora. Uma forte dor me corroía por dentro e por fora, colocando-me as
forças por baixo de minhas expectativas, e meus medos acima delas.
Pedras
na vesícula me impediram de fazer muita coisa nestes últimos dias, e o
medo de uma nova interferência cirúrgica ia esgotando pouco das minhas
parcas forças, me levando a quase uma depressão profunda, senão foi essa
o que realmente passei.
O medo era minha única companhia, era
minha sombra em tudo que eu tinha que fazer, até mesmo me deitar ou
levantar de minha cama. Era muito mais forte do que eu.
Nem os
incentivos de minha esposa, de meus familiares e amigos eram suficientes
para me animar a sair de casa, ir para o escritório, ou para algum
médico ou hospital a fim de realizar algum exame, dependia
exclusivamente de mim, do meu eu pessoal essa nova convicção.
Hoje,
cá estou. Defronte ao computador, que ficou rejeitado a minha bancada,
desligado em casa e no escritório, por não haver mais ânimo, ou vontade
de estar em Redes Sociais, Grupos de Debates, Fóruns, e até mesmo
E-mails, para ligá-lo novamente, tentando por uma sorte, construir um
futuro, melhor ou pior, mas um futuro, em que possa estar envolvido
nele.
Sempre fui de tecnologia, e já estava cansado de ver bits e
bytes, tudo matematicamente colocado, em matrizes e determinantes,
matérias que estudei em meu ginásio e colegial.
Hoje, estou aqui,
para não só vencer o meu medo, mas para também para vencer o meu medo. O
medo de ficar em casa, o medo de sair dela, o medo de vir ao meu
escritório, o medo de ficar nele, o medo de enfrentar um trânsito, o
medo de dirigir em pistas vazias.
O medo de estar vivo, o medo de
viver mais um dia, ou mais uma hora, ou minuto, mas também o medo de
deixar quem eu amo nesta terra.
Enfim, o medo de perguntar a mim mesmo, quem eu sou? O que estou fazendo aqui? Porque precisam de mim neste plano?
Esse enfim é o medo do desconhecido. O encarar face a face o Pai Maior.
Prazer em Recebê-los
(Clóvis Cortez de Almeida)
Nenhum comentário:
Postar um comentário