Para mim, palavra é palavra, não se volta atrás, mas não é assim para todos.
Quando
pequeno, meus pais sempre me educaram na sintonia do Certo, da coisa
Certa, da Atitude Certa, e esse comportamento vem me seguindo ao longo
dos meus 54 anos de idade.
As coisas nem sempre são fáceis, mas quando nos é apresentada, temos que tomar um fôlego, analisar friamente o problema e daí sim, se comprometer ou não com o problema apresentado.
Certa
vez, ainda moleque estudando eletrônica, quando eu e um colega pegamos
um televisor para consertar, um televisor colorido de 19”,Philco, B-819,
tivemos um episódio interessante.
Estava ainda no começo da
carreira de Técnico, sem muita experiência,pois no local onde
trabalhava, eu era técnico de TV preto e branco valvulares.
Mas
isso não me assustava, mesmo porque minha curiosidade pela tecnologia
estava acima de mim, e meu furor em desmontar e montar as coisas,
saltavam de minhas veias.
O que me aterrorizou, foi saber que
aquela TV em particular, pega pelo colega, era apenas do Chefe do Meu
Pai, um então Tenente da Aeronáutica, da Base Aérea de São Paulo,
conhecida como Cumbica.
Abri o equipamento, examinei-o profundamente, coloquei o fio na tomada e liguei. Aparentemente
tudo funcionando, conforme mostrava um Meeter (Abreviação de
Multimeter), um equipamento caro para os padrões da época que havia
ganho dos meus pais.
Fonte baixa ok, fonte alta ok, AGC
(automatic gain control) ok, AT (alta tensão) também ok, e a imagem foi
surgindo suavemente, mas um pouco distorcida.
Um ponto
vermelho que não se sobrepunha sobre o ponto azul e que não se
sobrepunha sobre o verde. Parecia o que hoje chamamos de 3D.
A
convergência dessas três cores primárias, é que faziam o branco total
na tela, pois está errado quem pensa que cor primária é vermelho,
amarelo e azul.
Respirei fundo, pois naquele momento já sabia o
que era, pensei, meditei e por fim falei ao colega: É o Chadomask (tela
que ia dentro do Tubo,fina que em cada ponto passava 3 feixes de luz,
produzindo as cores).
Dentre as broncas que levei em casa, por
estar consertando algo que não entendia direito, e aquela coisa era do
chefe do meu pai, custava o TRC (tubo de raios catódicos) o equivalente
hoje a um carro zero popular.
Chamei o dono da TV, lógico que
em horário que meus pais não estavam em casa, expliquei com teoria o
defeito e ele aceitou em fazer o conserto.
A partir desse
momento, a lição maior que meus pais me ensinaram começavam a fazer
sentido, de nunca prometer, mas eu já havia pego o dinheiro do dono da
TV.
Já estava compromissado, enrolado até mais do que o
pescoço, sem poder dizer que não iria fazer para o dono da TV e sem
poder dizer aos meus pais que iria consertar a TV.
O tempo,
logicamente passou, e com ele a idade adulta veio, trazendo consigo mais
responsabilidades até um dia em que fui chamado para fazer parte de uma
organização, e nesta organização, o vigésimo nono mandamento diz: “Você
não é obrigado a prometer, mas uma vez o fazendo se torna responsável”.
Isso
calou fundo em meu pensamento e hoje, para cada ação que prometo fazer,
me utilizo dessa máxima, e porque já foi analisado, previsto as
circunstâncias certas e erradas, totalmente consciente da
responsabilidade, e com um quesito a mais, o de sempre respeitar a
máxima ensinada, não por essa organização, mas pelo meu pai que me
introduziu as boas condutas.
Assim sendo, deixo a todos o meu respeito e sinceros votos de …
Há, a TV?
Sim,era realmente o TRC, que troquei ajustei e ficou como nova.
Prazer em Recebê-los
Clóvis Cortez de Almeida
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