“Tu
serás eternamente responsável por tudo o que cativardes” (Antoine de
Saint-Exupéry).
Essa frase me fez refletir muito sobre o
assunto, afinal de contas, por muitas vezes somos colocados como ícones, ou
como representantes, ou até mesmo como líderes, e será que estamos realmente
preparados?
O homem filósofo nos deixou um legado, vasto
por assim dizer, mas tão reflexivo que nos dá até um frio na espinha ao
pensarmos da responsabilidade que temos um para com os outros.
A responsabilidade de conduzir uma pessoa, uma
mente, em formação ou não, é tamanha que às vezes não nos damos conta do tamanho
de sua objetividade, da tamanha forma de influência que temos sobre as pessoas,
coisas, inocentes ou não, pensantes ou não.
Senão imaginemos um cão, um simples cão e o
ensinemos a pular em nosso colo todos às vezes em que sentamos no sofá, e ele
fica ensinado ou até mesmo condicionado a fazê-lo todas as vezes que nos vê no
sofá sentado, e mal acabamos de praticar tal atitude e ele cão, vem sem nenhuma
prudência a pular em nosso colo.
Trata-se de uma ação incondicionada, sem que o
executor da ação, por influência de um ensinamento o faz, sem sequer ter o
menor respeito se você está se vestindo com uma roupa clara ou escura, se suas
patas irão te sujar de barro, ou se deixarão pelos em seu vestido.
É grande a responsabilidade, ou melhor
dizendo, é maior ainda a responsabilidade quando se trata de seres pensantes, e
de que sua opinião pode influenciar a mente.
Se essa mente está em formação, você poderá
estar moldando uma pessoa, mas se essa mente já cresceu, já se formou você pela
condição de líder, estará desviando o olhar para o seu foco, o seu objetivo.
E se o seu objetivo não for os das melhores
intenções, então o caso é mesmo complicado, poderá como Jim Jones, levar uma
população ao suicídio, não só no sentido literal, mas a um suicídio mental,
podendo deixar você somente conduzi-lo.
A condição de conduzir é a responsabilidade
formal, e daí é que vem a tal responsabilidade social.
Tudo isso para dizer que esta manhã, ao abrir
minha rede social para postar os costumeiros artigos da qual estou engajado a
fazê-lo, observei que havia duzentas e uma pessoas seguindo meus posts.
Isso me deu uma tremedeira completa, pois não
me havia dado conta de que tanta gente estava me seguindo, da tamanha
responsabilidade que eu mesmo havia decretado a minha própria pessoa, e comecei
tentar achar um motivo para tal posição.
Tentei achar que era por amizade, ou por
afinidade de profissão, ou até mesmo de parentesco, e confesso não ter
conseguido chegar a um denominador comum para tal equação, e isso me assustou
ainda mais.
O que eu estaria fazendo para aquela pessoa, a
de número cinquenta e sete, ou a de número cento e vinte e cinco, como estariam
seus pensamentos após lerem o que escrevi, ou o que tentei passar a todos.
Será que estariam mais aliviados, ou mais
angustiados, mais tranquilos, ou mais intranquilos, confiantes ou não confiantes
com os assuntos expostos.
Como estariam pensando aquelas pessoas que com
todo amor do mundo os chamo de “meu querido”, “minha querida”, beijos para um
ou para outro?
O que estaria passando na cabeça daquele que
mal acordara e já na frente do computador, seja por que motivo for, lesse minhas
frases, meus pensamentos e talvez falasse “Ele escreveu isso para mim”, e que
de certa forma sim, foi escrito para ela, mas não só para aquela pessoa, mas
sim para todos que entrasse em meu perfil e efetuasse tal leitura.
Confesso me colocar assustado nestas questões,
pois são duzentas e uma pessoas que me seguem.
Talvez porque gostem, talvez porque querem
ficar informados, talvez porque querem um alívio para a alma, ou porque
simplesmente acha interessante minha repetitividade nos temas, nos filósofos,
nas minhas convicções.
Daí então desce em mim uma carga completa de
uma responsabilidade além do normal, e confesso, sou obrigado a me policiar, a
ajuizar valores, sem ter que mostrar as pessoas o meu medo de tudo isso.
Fico imaginando se em um deslize meu, escrevo
uma palavra errada, um verbo fora de sua ação verbal, um texto sem contexto, e
alguém sugestivo a isso venha colocar em suas redações diárias o meu erro tal
como o dele, ou uma opinião política ou filosófica que vá contra seu
posicionamento.
Poderei estar moldando para sempre a vida desta
pessoa, de tal forma tal qual a minha foi formatada e que até hoje costumo
dizer que minha primeira professora primária não erra, e se ela escreve
tranqüilo com trema é porque é com trema, sem me ater que o trema caiu em nosso
idioma sendo, portanto, escrito atualmente tranquilo.
Minhas responsabilidades hoje estão
multiplicadas por duzentas e uma vezes duzentos e uma, de tal forma que daqui
para frente terei que prestar mais atenção a tudo e a todos.
É a responsabilidade acima de tudo.
Assim digo então: Prazer em Recebê-los.
(Clóvis Cortez de Almeida)
Nenhum comentário:
Postar um comentário