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sábado, 14 de dezembro de 2013

A responsabilidade acima de tudo

“Tu serás eternamente responsável por tudo o que cativardes” (Antoine de Saint-Exupéry).
Essa frase me fez refletir muito sobre o assunto, afinal de contas, por muitas vezes somos colocados como ícones, ou como representantes, ou até mesmo como líderes, e será que estamos realmente preparados?
O homem filósofo nos deixou um legado, vasto por assim dizer, mas tão reflexivo que nos dá até um frio na espinha ao pensarmos da responsabilidade que temos um para com os outros.
A responsabilidade de conduzir uma pessoa, uma mente, em formação ou não, é tamanha que às vezes não nos damos conta do tamanho de sua objetividade, da tamanha forma de influência que temos sobre as pessoas, coisas, inocentes ou não, pensantes ou não.
Senão imaginemos um cão, um simples cão e o ensinemos a pular em nosso colo todos às vezes em que sentamos no sofá, e ele fica ensinado ou até mesmo condicionado a fazê-lo todas as vezes que nos vê no sofá sentado, e mal acabamos de praticar tal atitude e ele cão, vem sem nenhuma prudência a pular em nosso colo.
Trata-se de uma ação incondicionada, sem que o executor da ação, por influência de um ensinamento o faz, sem sequer ter o menor respeito se você está se vestindo com uma roupa clara ou escura, se suas patas irão te sujar de barro, ou se deixarão pelos em seu vestido.
É grande a responsabilidade, ou melhor dizendo, é maior ainda a responsabilidade quando se trata de seres pensantes, e de que sua opinião pode influenciar a mente.
Se essa mente está em formação, você poderá estar moldando uma pessoa, mas se essa mente já cresceu, já se formou você pela condição de líder, estará desviando o olhar para o seu foco, o seu objetivo.
E se o seu objetivo não for os das melhores intenções, então o caso é mesmo complicado, poderá como Jim Jones, levar uma população ao suicídio, não só no sentido literal, mas a um suicídio mental, podendo deixar você somente conduzi-lo.
A condição de conduzir é a responsabilidade formal, e daí é que vem a tal responsabilidade social.
Tudo isso para dizer que esta manhã, ao abrir minha rede social para postar os costumeiros artigos da qual estou engajado a fazê-lo, observei que havia duzentas e uma pessoas seguindo meus posts.
Isso me deu uma tremedeira completa, pois não me havia dado conta de que tanta gente estava me seguindo, da tamanha responsabilidade que eu mesmo havia decretado a minha própria pessoa, e comecei tentar achar um motivo para tal posição.
Tentei achar que era por amizade, ou por afinidade de profissão, ou até mesmo de parentesco, e confesso não ter conseguido chegar a um denominador comum para tal equação, e isso me assustou ainda mais.
O que eu estaria fazendo para aquela pessoa, a de número cinquenta e sete, ou a de número cento e vinte e cinco, como estariam seus pensamentos após lerem o que escrevi, ou o que tentei passar a todos.
Será que estariam mais aliviados, ou mais angustiados, mais tranquilos, ou mais intranquilos, confiantes ou não confiantes com os assuntos expostos.
Como estariam pensando aquelas pessoas que com todo amor do mundo os chamo de “meu querido”, “minha querida”, beijos para um ou para outro?
O que estaria passando na cabeça daquele que mal acordara e já na frente do computador, seja por que motivo for, lesse minhas frases, meus pensamentos e talvez falasse “Ele escreveu isso para mim”, e que de certa forma sim, foi escrito para ela, mas não só para aquela pessoa, mas sim para todos que entrasse em meu perfil e efetuasse tal leitura.
Confesso me colocar assustado nestas questões, pois são duzentas e uma pessoas que me seguem.
Talvez porque gostem, talvez porque querem ficar informados, talvez porque querem um alívio para a alma, ou porque simplesmente acha interessante minha repetitividade nos temas, nos filósofos, nas minhas convicções.
Daí então desce em mim uma carga completa de uma responsabilidade além do normal, e confesso, sou obrigado a me policiar, a ajuizar valores, sem ter que mostrar as pessoas o meu medo de tudo isso.
Fico imaginando se em um deslize meu, escrevo uma palavra errada, um verbo fora de sua ação verbal, um texto sem contexto, e alguém sugestivo a isso venha colocar em suas redações diárias o meu erro tal como o dele, ou uma opinião política ou filosófica que vá contra seu posicionamento.
Poderei estar moldando para sempre a vida desta pessoa, de tal forma tal qual a minha foi formatada e que até hoje costumo dizer que minha primeira professora primária não erra, e se ela escreve tranqüilo com trema é porque é com trema, sem me ater que o trema caiu em nosso idioma sendo, portanto, escrito atualmente tranquilo.
Minhas responsabilidades hoje estão multiplicadas por duzentas e uma vezes duzentos e uma, de tal forma que daqui para frente terei que prestar mais atenção a tudo e a todos.
É a responsabilidade acima de tudo.
Assim digo então: Prazer em Recebê-los.
(Clóvis Cortez de Almeida)

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