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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Orações Eletrônicas


Que estamos na era da Eletrônica, ninguém de nós duvida disso, muito pelo contrário, somos cada vez mais usuários e mais dependentes dessa tecnologia invasiva ao nosso cérebro, as nossas atividades, as nossas coisas.

E o mais engraçado de tudo isso que tudo começou com uma transmissão de rádio, que virou televisão, que virou dados, e hoje é o conjunto de todos os tipos de transmissão possíveis, sem necessidade de cabos, fios, que cada vez mais, está se tornando uma espécie em extinção em nossas vidas.

A vida era bem mais engraçada e bem mais motivadora, sem termos que nos concentrar em apertar um botão e deixar a máquina decidir o que fazer, como fazer e quase até mesmo o porquê fazer.

Até mesmo na década de setenta, tínhamos que pensar para conseguir alguma coisa, não que hoje seja melhor ou pior, mas tínhamos que ter em mãos uma boa “Régua de Cálculos”, um pedaço de papel, um lápis e uma ideia na cabeça e boom, estava a nascer um novo projeto, que poderia revolucionar o mundo.

Se não revolucionasse, não era por falta de vontade, mas o que acontecia quase sempre, seria um projeto bem feito, com matemáticas precisas e cálculos impecáveis, onde uma ponte não ia ao chão por qualquer motivo, ou um prédio não caía por falta de cálculos.

São as verdadeiras “muralhas da China”, que mesmo sem um computador, sem um cimento de secagem rápida, ou até mesmo um cimento, eram coladas as pedras, pedra por pedra, sem necessidade de um revestimento de ferro, ou uma cerca de arame, e lá estão até hoje, com centenas e centenas de anos, e lá permanecerão por mais uns tantos cem anos de sustentação e segurança, para quem visita, para quem passeia, ou para quem a explora com o turismo do lugar.

Não estive lá, mas ouço dizer que trata-se de uma engenharia fantástica, em que nada pode derrubar.

Hoje não, colocamos os dados em um computador, ele processa e em segundos nos diz que tipo de cimento, qual a quantidade de terra, de areia, de cal, ou qualquer outro componente que vá nessa massa, para a construção que fará habitar, ou passar por ela ou represando, ou qualquer outra finalidade.
Ficou muito mais fácil, muito mais econômico, mais célere, mas trouxe também algumas preguiças, tais como não precisar decorar mais uma tabuada, saber os oito primeiros dígitos de “pi” (π) depois da vírgula, não precisar saber contar ou saber traduzir ou falar qualquer outra coisa que não seja, traduza, faça, ordeno, e daí por diante.
 
Como se tornaram fáceis as coisas, realmente ficaram muito fáceis, mas muito mesmo. Hoje é um tal de comando por voz, em que você determina, “Faça tal coisa”, e já está sendo providenciado o produto. Até impressora tridimensional foi inventada, e daí o ser humano pode matar com arma feita em casa, mas com precisão profissional de um “sniper”.

Mas nada mais me chama a atenção, pois tudo já foi inventado, mas quando digo tudo, é tudo mesmo.

Imagine você, em uma Igreja, seja lá de que religião for, e você aperta um botão de um cartão e o cartão “queima” uma oração, que supostamente foi realizada por você, ou então que esse cartão começa então a entoar a oração que você deveria fazer, mas que por pressa, preguiça, ou comodidade deveria fazer e não o fez.

Essa é a tal da Reza Cibernética, em que você aperta duas ou três vezes o tal cartão e lhe é debitado a mesma razão em oração, e creditado ao Céus ou a algo que você queira dar o nome, te livrando de todos os males.

Fico com a curiosidade aguçada neste momento, pois se debita de você, credita a uma entidade 3D, e você é absolvido de todos os pecados, acabou a razão para se ter fé.

Teremos fé em que então? No cartão, no Token (esse nome é mais bonito ainda), ou em outro instrumento de orações? Você é Católico, então reze o terço com um terço do tempo e um terço de dinheiro, e você poderá se não tiver crédito, pagar em 3 vezes, esse é o dízimo para com a igreja.

É Protestante? Não há problema, faça suas orações sem necessidade de dízimo eletrônico (só o físico), para com seu pastor.

Budista? Veja como ficou Buda em meditação, isso porque não utilizou os nossos créditos de cartão de reza.

Uma banalidade que escrevo, mas que não é invenção minha não. Hoje em meu Facebook, recebi de um amigo virtual um cartão também virtual, onde me levava a comprar um acessório, em que eu apertaria a traseira desse objeto e tinha a minha oração convalidada nos céus, por um preço de apenas R$ 99,99 quase R$ 100,00 Reais, que me levariam diretamente aos Céus, sem passagem sequer pelo purgatório, muito menos pelo Inferno.

Então meus queridos e queridas, vejo vocês no Céus, onde estarei ao lado de diversos personagens de um poder aquisitivo maior, que tiveram a condição de comprar o tal objeto, e capaz também de terem comprado um terreno para construir ou já uma mansão pronta, nos jardins Celestes, próximo aos portais de Deus.

E é nessa condição que vos falo;

Prazer em Recebê-los.

Clóvis Cortez de Almeida

2 comentários:

  1. É mesmo minha menina Lourdes. Um mundo moderno demais para se por fé em aparatos eletrônicos e mecânicos, e a ilógica da fé esquecida no tempo. Beijos querida.

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