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quarta-feira, 2 de maio de 2018

Meu diário.
(Diário do Meeter, um Cão)
Tudo parecia muito calmo, afinal de contas, era uma sexta-feira, pleno dia 20 de Abril de 2018, minha humana levantou-se, me pegou no colo e foi preparar o café, aquele líquido que os humanos não passam sem, pela manhã.
Meu humano, levantou-se, esfregou as mãos por minha cabeça, sentou-se para degustar aquele líquido, depois nós três fomos ao Sanctum Sanctorum, promover o que os humanos chamam de Oração.
Lá eles pediram ao papai do Céu, para que todos os outros humanos do mundo tivessem Paz e Saúde, e sinceramente não sei do porquê disso, porque aqui em casa, temos muito mais do que isso, temos comida, diversão, muito colo, muita bolinha correndo para lá e para cá, minha cordinha que vou buscar todas as vezes que eles jogam de um lado para outro.
Tudo corria muito bem, a noite chegou e já nos preparávamos para dormir, quando meu humano, ao ligar para meu pet, disse que estava tudo certo, que no dia seguinte estaríamos lá.
Pronto, ele estava agendando um banho para mim, iria ficar novamente muito cheirosinho, com talquinho no corpo, para ser mais amado ainda, como se não fosse, sem ou com o meu banho.
Levantei-me meio que espreguiçando, me esticando todo, e lá fui até a cama do meu humano, para abanar o rabinho e ver o que ele tinha de bom para aquele dia maravilhoso que Deus havia preparado para mim.
O ritual foi o mesmo, e logo depois de nossa oração, lá vinha meu humano com a coleirinha abanando para mim, e eu, mais do que esperto, já estava me posicionando, pronto para vesti-la, e já ganhava mais um colinho do meu humano.
Achei meio esquisito, pois não me deram nada para comer ou beber durante a noite passada, e agora, cadê o meu desjejum?
Bom, não seria aquela comidinha da manhã que me faria ficar de mal humor, vesti a coleira e já abanava o rabinho, pronto para sair, tomar o meu banho maravilhoso que meu humano havia agendado.
Tudo transcorria nas mil maravilhas, pegamos o carro, eu no banco da frente, desrespeitando todas as regulamentações de trânsito, mas estava sentindo o ar na cara, ali, batendo no meu focinho, estava uma delícia.
Chegamos ao meu hotel, ou melhor latindo, meu pet-shop favorito, lá já estava me esperando minha recepcionista favorita, com água quentinha e um bom vapor de perfume que vinha em minha direção.
Estava uma delícia, pulei, baguncei, joguei água fora da bacia, muito bom, mas não estava entendendo ainda do porque aquela maravilha, só por ser sábado, dia 21 de Abril, estava extasiado.
Me botaram secador, talquinho, e daí me vieram com uma mangueira estranha, que não conhecia. Desperto, olhei para a Dra. Veterinária, ela olhou para mim, sorriu e falou, vem cá meu bebê.
Estava sem entender, do porque me chamaria de bebê, era um carinho que começava a desconfiar.
Ela e mais um cara, desses que fazem academia umas 4 vezes por dia, e 3 vezes por noite, me pegaram no colo e falaram para eu contar até 10. Como poderia contar até 10 sendo que só tenho 4 patas? Esses humanos não sabem mesmo o que querem, e me colocaram a mangueira no meu focinho.
Não acreditei, mas foi no meu focinho, não tive nem como espernear, e logo já estava com a língua de fora e olhos estatelados, quando a Dra. falou que nada doeria.
Me deu uma espetada com uma agulha cara, que só não doeu para ela que estava aplicando, porque para mim..., se eu fosse humano soltaria um palavrão aqui e agora.
Dormi, não sei bem o que aconteceu.
Só sei que hoje, domingo, ao despertar meio que sonolento, me vi de pijama, daqueles que os humanos chamam de cirúrgico, e lá estava eu, vestido mas sem as duas bolinhas do meu saquinho.
E não é que me Castraram?
Belos esses humanos que nos acariciam para poder nos tirar algo que teria muito valor, não para mim, mas para as fêmeas?
Sou um cãozinho condenado a morrer Virgem.
Tô Castrado.
Meeter, em 22/04/2018.

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