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segunda-feira, 11 de março de 2013

Um encontro mais do que feliz


Em agosto de 2012, através de um amigo fomos convidados a fazer parte de um círculo nas Redes Sociais com o seguinte título: Meninos(as) de Cumbica.

Bem, para quem não conhece Cumbica, vamos à uma pequena descrição. Trata-se ainda de uma vila militar, dentro dos portões da Base Aérea de São Paulo (BASP), que aloja os militares e seus familiares daquela unidade militar.

Pois bem, fui morar em Cumbica lá pelos anos de 1972, quando saí de outra vila militar, em Guaratinguetá – São Paulo.

Cheguei a Guarulhos e já tive que prestar um exame pré-vestibular naquela época, para ser regularmente matriculado na Escola Estadual Conselheiro Crispiniano, no centro da Cidade de Guarulhos.

No início tudo parecia muito sombrio, mas topei em morar na BASP, já que meu pai militar fora lotado naquela unidade, e estão fomos morar na Avenida 4 casa 424.

Como em toda vila militar, tínhamos os portões da Base fechados para o público em geral, mas em compensação, tínhamos também toda a segurança do mundo, com Cinema, Supermercado, Padaria, e até mesmo entrega do leite direto da fazenda para nós, com direito ainda de ter um PA para nos acompanhar até a escola.

Também, éramos convidados a fazer novas amizades, e assim o fazíamos. Tínhamos amigos desde a avenida 1 à avenida 5, desde o clube dos sargentos ao clube dos oficiais. Éramos amigos uns dos outros.

Como em toda sociedade, sempre havia aquele “mais chato” que também tínhamos nossas rusgas, nossas brigas, mas nada que o tempo não pudesse curar.

Então, com uma infância onde brincar de esconde-esconde nas ruas, sem o perigo de ser atropelado, de Queimada, de pega-pega, era mais do que normal. Tudo era rigorosamente vigiado, afinal de contas éramos filhos de militares. E bota militar nisso, no meio de uma ditadura política, onde parecia até que éramos “vigiados”, e éramos mesmo, vigiados para não matar aula, para não desobedecer os pais, para termos respeito com os mais velhos, com aqueles que tinham uma divisa a mais, ou uma estrela a mais nos ombros.

Assim passamos nossa infância, juventude, e quando menos esperávamos fomos jogados ao mundo, mas muito bem preparados. Tínhamos uma verdadeira escola da vida. Estávamos realmente preparados. Uns mais, outros menos, mas se formos fazer uma verdadeira análise, podíamos ir para a vida.

Chegou a hora, saímos de casa. Alguns se casaram, outros foram alçar voos solo, mas só sei que nos separamos. Alguns de nós foram morar no exterior, outros foram com seus pais para outras unidades militares, e alguns ficaram por aqui, por São Paulo.

O tempo passou e com isso aquele vazio foi ficando cada vez maior na nossa vida. Não que tenhamos que viver pelo saudosismo, mas uma baita saudades começou a bater em nosso peito.

Para mim, quarenta e poucos anos se passaram, mas não aquela lembrança gostosa de nossa infância e juventude. Estávamos com real saudades, e no mais amplo dos sentidos.

Um dia, e isso foi a uns seis ou oito meses atrás, recebemos em nossa caixa de e-mail um contato de uma amiga, que morava fora, mas que se alegrava em poder entrar em contato conosco. Pois bem, ela veio dos Estados Unidos e nos encontramos.

Foi maravilhoso e daí a adolescência começou a ficar mais próximo a nós.

Em um determinado dia, que não me recordo agora, ela falou dos Meninos(as) de Cumbica e isso me encheu o peito, no lugar daquele vazio, meu peito estava cheio.

Procuramos o grupo, encontramos, pedimos filiação, e tal qual a surpresa, fomos maravilhosamente recepcionado. Era um grupo seleto, daquelas pessoas que fizeram parte de minha vida, uns um pouco antes de minha chegada, outros um pouco depois de minha saída de Cumbica, mas todos, ou melhor, quase todos estavam lá, ao vivo e em cores.

Começamos então a criar novamente um vínculo, desta vez mais maduro, mas sentia que fazia parte novamente daquele grupo.

Como em todo o grupo tem sempre um que canta, outro que fala, outro que toma iniciativas, dois desses amigos resolveram fazer um reencontro dos meninos de Cumbica.

Começou então uma excitação geral, e o burburinho na internet era quase que audível. Era gente confirmando a presença, outros dizendo que estava longe, outros que iria ver se podia, mas não deixou de ser aquela movimentação gigantesca.

O dia nove de março de dois mil e treze chegou, o dia não passava, as horas não passavam, tudo estava congelado para nós, que havíamos confirmado a presença na Cia dos Espetinhos, um lugarzinho agradável em Guarulhos.

Enfim, 08:00h da noite e nos preparamos para encontrar, mas como seria? Quem estaria lá? Como estava hoje depois de 40 anos de distância? Eram perguntas sem resposta.

Chegamos ao local, não preciso dizer que fui recebido como um rei, e percebi que cada um que chegava era da mesma forma tratado. Nossos anfitriões estavam lá, prontos a nos abraçar, prontos para nos dar as boas-vindas.

Fotos, Flash’s, cantorias, mas que espetinho que nada, será que o pessoal do local não percebeu que o que queríamos de verdade era ver nossos amigos? E nossas Rusgas que ultrapassaram essa fase de juventude para tornar nossos amigos?

Foram abraços, apresentações e reapresentações, pessoas da qual pensávamos que jamais veríamos, estavam lá.

Tiramos fotos conversamos com todos, abraçamos e fomos abraçados, tal qual pensávamos. Alguns mais gordos, outros mais magros, uns com as marcas do tempo no rosto, outros que pareciam estar vivendo em formol, mas um grande número de pessoas estavam lá.

Ficamos até quase uma da madrugada, e deixamos lá muita gente ainda, com fome, fome de reencontrar os amigos.

Estiveram presentes pessoas de cidades do interior de São Paulo, de outros Estados, da capital, bem esses tiveram que enfrentar um verdadeiro dilúvio para chegar. Infelizmente muitos não conseguiram chegar. Sentimento de frustração.

Agora estamos na ressaca. Ressaca de tantas emoções vividas naquelas cinco horas ou pouco menos, e que já estão fazendo falta.

Mas não faz mal, essa ressaca há de ser curada, curada com um novo encontro, uma nova confraternização, um novo movimento.

Como falou uma de nossas amigas em postagem nas redes sociais, estávamos ali, como uma família, uma verdadeira família.

Não posso discordar dessa afirmação, então só me resta dizer: Prazer em Recebê-los, minha querida família Cumbicana.

Clóvis Cortez de Almeida

 

 

3 comentários:

  1. Bom dia, mestre...

    "Eu sou o vento que viaja de uma direção para outra, carregando e distribuindo as sementes da vida. Feito a neve, as minhas sementes desaparecem na terra reaparecendo sob uma nova forma. Eu sou o grito do recém nascido que sente a primeira dor da separação. Eu sou o grito de toda a vida que alcança o mistério da verdadeira consciência. Eu sou o eterno. Agora da criação, eu Sou o Espaço através do qual viaja o tempo. Através de mim você experimenta os dons da reflexão, esperança, sabedoria e assim você poderá conhecer a si mesmo. Conhecer-se como Criador e criatura, menor que um grão de poeira e tão grande quanto o Deus que você louva.

    Chefe Archie Fire Lame Deer"

    Profundo, muito profundo...
    Aproveito e coloco mais uma descrição: Eu Sou o casulo de uma larva que o Tempo, o Senhor da Razão, transforma em uma borboleta e eu nem me atrevo a tirar uma casquinha do casulo antes desse Tempo para que eu consiga desenvolver da forma correta.
    Eis que o Tempo urge. Eis que o Nascimento se aproxima. Pelo Ultrassom já dá prá ver o colorido das asas, o tamanho delas...
    "Eis que faço novas todas as coisas". Espero que no Nascimento, meus queridos estejam perto para que possam ser reconhecidos no Despertar."
    Como sempre, prazer em recebe-lo tb.
    Abraço fraterno.
    Lilith.

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    1. Mais uma vez Lilith você vem filosofando de forma impecável. Obrigado mais uma vez.

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  2. Oi, mestre. :)
    Filosofando? A gente só diz o que está repleto a Alma. Daí, escapa pelos olhos. Escapando pelos olhos, a boca (no caso, as mãos) tb transbordam...
    Pode parecer muito estúpido, mas, muitas vezes durante a noite, podemos prever como será o dia, se estará sol, chuva, nublado, etc... Assim como o tempo, a Alma... Vi as estrelas do meu Céu, vejo e contemplo todos os dias. :) Antes já era rica. Hoje estou ficando milionária, não com investimentos na Suíça. Investindo no Banco Nacional de Relacionamentos Humanos no CDB. Investir fora, nem sempre é bom. Muitas economias externas estão ruindo... E governos mundiais insistem em maquiar a situação com um "tudo bem"... :) Amo e preciso de proximidade com meu gerente de conta.
    Isso é profundo. ;)
    Abraço fraterno,
    Lilith

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