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terça-feira, 26 de março de 2013

Entretenimento


Às vezes ficamos tão entretidos com nossos próprios problemas que muitas vezes não observamos o que se passa a nossa volta, e olha que isso é mais comum do que imaginamos.

Ficamos tantas vezes prestando a atenção no trânsito que não vemos aquele fusca vermelho que passa ou o carro amarelo, ou qualquer outro carro que normalmente nos chamaria a atenção.

Muitas vezes paramos para ficar observando problemas, onde às vezes poderíamos estar vendo soluções, como é o caso que me aconteceu essa semana.

Estava não, estou acumulado com o tempo, que tem sido bem pequeno para mim, e que possui ainda às 24 horas normal que o dia diz que tem, que não estava prestando a atenção a coisinhas pequenas, tais como o varredor da rua do escritório.

O dia chega muito rápido, e com isso, levanto pela manhã, tomo meu banho, meu café já está pronto, posto alguma coisa no Face (porque também já virou mania) e sigo para meu escritório, que fica a cerca de 30 minutos de casa, isso quando não tem trânsito.

No trânsito, aproveito para ir fazendo minha aula de Espanhol, bolando minha nova petição, a advogada que vou pegar para terminarmos nossas petições, e por aí vai.

Paro meu carro no estacionamento, caminho até o escritório, uns 100 metros de distância, abro o escritório, ligo os computadores, faço minhas orações e daí começo meu dia.

Bem, preparado para mais um dia de jornada, começo assim meu dia de laboro, que muitas vezes não é lá grandes coisas, com reuniões desmarcadas, outra que não dá em nada, outra que nem acontece, mas estamos lá, persistentes achando que um dia vai dar certo.

Dinheiro entra pouco, ou quase nunca entra, mas vamos e voltamos todos os dias, afinal de contas a persistência é o que conta nessa hora. Um ou outro entra lá no escritório, uns pedem para postergar, outros para deixar para lá, mas a persistência continua.

Dá fome, e daí vamos ao almoço, comemos alguma coisa rapidamente (e não sei o porquê de ser rápido numa hora dessas), voltamos ao escritório, continuamos as petições, cobranças e logo já bate 17:00 hs e vamos lá levar a colega para casa, para daí terminarmos o dia, chegando em casa novamente.

Lar doce Lar, é o que diz aquela plaquinha que a vovó mantinha na cozinha de casa, estampando a real felicidade de estar em casa, no meio dos nossos, dos carinhos daqueles que mantemos contato.

Normalmente era uma plaquinha de madeira, pintada as letras, ou quando não entalhadas manualmente a frase, com normalmente a figura da Sagrada Família (para quem não é católico, Jesus, Maria e José), que ficava na parede contrária a do fogão, que era para não engordurar com facilidade.

Mas não tinha jeito, a gordura era inevitável naquilo que define com muita propriedade à vontade, ou melhor, a certeza de um trabalhador, que sai pela manhã de sua casa e só volta à noite ou de tardezinha.

Mas voltando ao escritório, onde eu deveria ter uma plaquinha escrita, ou melhor, entalhada “Laboro, formoso Laboro”, com a figura da tríade trabalhista, ou seja, uma enxada, uma caneta e um diploma, porque não?

A Enxada representaria o esforço do trabalho, a Caneta o trabalho físico e o Diploma o trabalho intelectual, assim ficaria bem definido o escritório, ou os escritórios de qualquer um que está lendo, seja ele seu local de trabalho, bem como seu escritório físico, ou até mesmo onde vai fazer seu trabalho.

Assim definido, voltemos novamente ao nosso dia, que por sua vez, já está começando com minha chegada ao estacionamento. Paramos o carro, pegamos aqueles volumosos processos, acertamos as chaves e nos dirigimos até a nossa sala, que por sua vez já está aberta, com a chegada mais cedo de um colega que abre gentilmente o prédio onde temos nosso cantinho.

Ao chegar à calçada de nosso escritório, normalmente nos deparamos com o servente de rua, que está lá, alegre, limpando a calçada que estamos passando, e o cumprimento é agradavelmente inevitável.

Bom dia, e a resposta vêm em seguida com um sonoro Bom Dia, daquele que contribui com seu esforço para o nosso bem estar. Estamos então preparados para começar o nosso dia de laboro, enquanto o Sr. José já está fazendo isso há muito tempo.

Ontem não foi diferente, deixei o carro, peguei os processos, atravessei a rua, e quase que automático já ia falando Bom Dia ao Sr. José (nome que nunca soube de verdade), mas notei algo estranho em seu uniforme. Estava mais cheio, parecia-me mais feminino, e não era mesmo?

Era a Dona Maria (nome que inventei agora), que estava varrendo minha calçada. Ela ficou assim meio aturdida com meu sonoro Bom Dia ia inundando aquele ambiente, mas com muita reserva, com certo constrangimento me respondeu Bom Dia.

Não esboçava nenhum sorriso, nada como o Sr. José, parecia estar muito longe, e notei uma gota de lágrima em seus olhos.

Não tive dúvidas, perguntei o que se tratava aquela lágrima, e chamei-a para que entrasse em meu escritório. Ela ficou mais inibida ainda, mas aceitou, até mesmo porque queria ir ao banheiro e tomar água.

Enquanto ela ia se refrescando, peguei um copo de Água e um de Suco para oferecer aquela que estava motivada, e que por um acaso estava ali, no meu escritório, talvez querendo falar com alguém.

Ela saiu, aceitou a água, tomou também o suco com bolacha, já que não fico sem minha bolachinha pela manhã, e foi agradecendo e já ia saindo. Perguntei então a ela pela segunda vez, o que se tratava aquela lágrima em seus olhos, quanto tive a mais dura das respostas.

- Meu filho, disse ela, estou aqui porque meu marido hoje não se encontrava bem de saúde e foi ao hospital ver a dor nas costas. Estou aqui desde as 05:00 horas da manhã, e já eram 09:30 horas, e eu havia sido o primeiro a falar um bom dia para ela.

- Foi uma verdadeira bênção o que o senhor fez, pois não sabia que meu marido era tão querido assim aqui na rua. Ele não veio, mas em casa não podemos ter uma falta no serviço porque senão o dinheiro do final do mês fica pouco. Então vim no lugar dele. Assim não há como ficar sem o dinheirinho no final do mês.

Emocionou-me ao saber que até àquela hora do dia ela não havia recebido uma saudação sequer.

Hoje volto para o escritório, talvez não veja a Dona Maria, ou talvez sim, não sei, mas só sei que tenho muito que aprender com esse povo que me cumprimenta todos os dias, graças a um paletó, gravata, sapato engraxado, camisa passada, uma pastinha na mão.

Essa sociedade que fala bom dia pelo Facebook, mas não se dispõe a falar bom dia presencialmente. Que se dizem super educados no virtual, mas não são nada educados no presencial.

Assim, fica aqui meu bom dia ao Varredor de Rua, ao Lixeiro, ao Esticador de Cabos, ao Eletricista, ao Técnico, a todos, sem distinção, não espere com distinção sim, àqueles que por um acaso vestem Paletós e Gravatas, ou Jalecos Brancos, que sequer têm educação para falar Bom Dia.

Só resta agora, falar a esse grupo de pessoas, Prazer em Recebê-los, de verdade, não de boca para fora, mas de coração, pois vocês sabem deixar meu dia mais limpo, mais bonito, mais alegre.

Clóvis Cortez de Almeida.

(Nota – o dia colocado aqui não é o verdadeiro, os nomes também os são, mas os sentimentos, esses sim são reais).

2 comentários:

  1. Oi, mestre... Linda história, lindos sentimentos. Essa é minha ultima postagem aqui no seu blog, nosso único meio de contato, queria me despedir.
    Como disse, estava passando por algumas transformações ultimamente. Rachou a primeira ponta do casulo e saiu um pedacinho de mim... Disse bem quando disse do virtual, pessoas que falam lindamente e pouco fazem. Essa é uma das mudanças que passo. Não quero mais isso tb. É vazio, sem sentido, ilusório. Não quero viver ilusão. O braço com grangrena e nao se quer perder o membro... Por que? Não quero fazer com mais ninguém ser servil nas amizades, relacionamentos. Nem que sejam poucos amigos, mas, que sejam reais, para abraçar, falar todos os dias que der vontade, sem camaleoar (transformei um animal, num verbo, isso é que é verbo se fazer carne, e cor eu diria). Quero usar o que tenho de bom, olhar nos olhos, poder contar com, poder ter do meu lado quem efetivamente está... Não quero gostar sozinha nem mesmo de gatos, cachorros, seres humanos, nada. O amor tb precisa ser cultivado tanto como as plantas. Não adianta olhar prá planta e dizer "agua" e não tomar atitude de colocar a agua... Ela morre... E não quero morrer. Pessoas que regam terão a planta linda enfeitando suas casas e almas. Mas, não posso fazer nada se não tiver água, minima que seja para os que não fazem o verbo ser carne. Não sei se entende o que quero dizer. Acho que não. :)
    Não digo a você "não solte a minha mão". Digo: solte... Ela precisa ser ocupada por pessoas que precisam e querem ocupa-las. Ainda que fosse eu um polvo faria a mesma coisa.
    Não páre de escrever. Não vou mais passar aqui prá ver, mas, é algo que faz bem prá você e é legal. Não desanima se não ver mais comentários. Escreva nem que seja para si, não perca isso.
    Vai me fazer imensa falta os estudos, fato que prezo muito, muito mesmo. Mas, Deus não há de fechar uma porta sem abrir uma janela que seja. Eu confio e tenho fé nisso. Estou literalmente pulando no vácuo confiando que Ele vai me amparar e suprir com o que preciso. Tamanha a confiança que eu pulei, como uma criança sem saber o que vai acontecer com isso, mas, dei um passo. O que vem agora, simplesmente não sei... Qualquer coisa é melhor que uma miragem, acredito eu... :)
    Se, disse se, um dia, uma hora qualquer puder me ensinar sobre o Círculo Mágico, o ritual que envolve isso e o desenho dele, por favor, eu peço com todo o amor que aprendi a ter por você durante esse tempo, entre em contato de alguma forma, sei que é inteligente e vai dar um jeito. Por aqui, não vou ficar sabendo mais, nem por face, não tenho como mais porque não tenho acessado tb, não tem como interagir por lá tb. Mas, isso é muito, muito importante mesmo pra mim. Tenho procurado, mas, na internet nao vejo como confiável, muda-se totalmente o assunto a cada página e nao tem uma linha. No que sabe, eu confio. Aliás, eu confio em você, da mesma forma que pulo no vácuo, de olhos fechados. Então, de novo, se puder, me ajude nesse estudo... Mesmo que com livro, nem preciso ter mais contato, é que não sei mesmo onde procurar.
    Amo você, mestre. Amo muito. Mas, não quero e não posso amar sozinha. Sinceramente, acho que não mereço isso. Me perdoe.
    Não posso ter mais a sensação de que sou inconveniente, nem de arrumar formas e formas de ter contato... Eu não consigo mais, não sei como mais... Sempre, meu querido, sempre vai ser bem recebido, sempre vai ser um prazer receber você e o que eu sinto, não vai mudar, mas, eu tomando sempre a iniciativa, sempre vou me sentir intrusa, pedinte, rastejante. Não quero atrapalhar e nem acho digno isso. Confio tanto nisso que se tiver que entrar em contato de novo, sei que vai dar um jeito, caso contrário, pelo menos, não vou me sentir de forma tão humilhante. Me perdoe, me perdoe, me perdoe...
    Com todo o amor que tenho em mim,
    Lilith. Sempre Lilith.

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  2. Minha querida, o que vou escrever agora será para você. Gostaria e muito que tivesse o mais absoluto sucesso nessa nova empreitada, que como sabemos, precisamos de voo solo. É como o treinamento para voar, começamos com aulas teóricas e passamos pela prática até chegar o momento de ficar só, na frente do manche, para que tenhamos o objetivo de alçar voo e também de aterrizar em terras seguras. Assim te desejando, não só deixo você livre, coisa que nunca te amarrei, ou te subjulguei, mas livre ao léu, para que possa tomar seu rumo. Leia, acredite na humanidade, acredite nas pessoas, na boa vontade dessas pessoas, na verdade que trazem dentro de si. Com isso, verás que não terá a necessidade de um círculo mágico, nem tampouco de rituais especiais, mas sim precisará de muita fé, fé em você, fé na vida, e também de amor. O amor que parte de você para você, de você para os outros de outros para você. Amor e fé, é o casamento importante da vida da gente, que desejamos andar lado a lado com felicidade plena, não essa felicidade banal. Mas a felicidade plena, esta está dentro de vosso coração, com força de tudo o que você tem de melhor. Te desejar tudo de bom? Seria apenas chover no molhado. Te desejar uma vida Feliz? Utopia, não apenas o sentimento de quem não te conheceu fisicamente, mas gerou um amor muito grande no coração. Fique em Paz minha querida, e fique sabendo que sua presença em minha vida ficará marcado para sempre no prólogo do livro que você assinou. Levarei de você o que há de melhor, ou seja o seu amor. Leve também contigo o que há de melhor em mim. O meu Amor. Beijos querida e fique com Deus. Clóvis Cortez de Almeida. Seu amor Ágape.

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