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sexta-feira, 1 de março de 2013

ESTAMOS EM LUTO

Houve momentos em minha vida em que não sabia o que escrever nem o porque escrever, e tem tudo a ver com o Luto de ontem.
Ficamos até mesmo conformados quando a pessoa que vai para o Oriente Eterno é mais velho do que nós e nunca quando tem nossa idade.
É como se um anúncio dizendo que estamos também trilhando esse caminho, que nossa vez está por chegar.
Já passei por isso e posso assegurar que não é ruim estar do outro lado, que lá temos uma Paz ainda não alcançada neste plano, que deixamos aqui nossas dores, nossos medos, nossas apreensões, nosso ódio, nossa apreensão do porque e quando virá nossa grande passagem.
Posso afirmar que não sentimos nada, apenas um grande alívio ao nosso corpo, é como se deixássemos um peso que carregamos sobre nossos ombros para começar-mos então a um preparo maior, que é o preparo de nosso espírito-alma, para um grande encontro com nosso criador.
Mas, a imaturidade de nosso espírito-alma quer mais um pouco, quer ainda mais uma despedida, mais um adeus, ou até mesmo mais um até logo, sem prosperar com isso nosso intento.
A morte chega, sem avisar, sem fazer alarde, sem comunicação com nada e com ninguém, não nos sendo permitido saber do horário e do dia, pois senão ficaríamos mais apreensivos.
Se por um acaso soubéssemos o quando viria a nossa transição, seríamos uma pessoa muito triste, sem ambição qualquer, sem a vontade de querer lutar pela vida, pelo nosso dia a dia, ou qualquer outro estímulo que hoje nos acompanha.
Ficamos de mãos atadas, acorrentadas pelo medo de que o próximo pode ser nós, e não importa qual idade, qual cor, qual sexo, qual religião pois ela nos nivelará, colacará o homem igual ao homem, sem qualquer distinção, sem pedir qualquer comprovante de quem somos e o que viemos fazer aqui.
Esse nível, instrumento de muitas e muitas vezes de nossa meditação, deixa-nos igual ao nosso semelhante, e tanto faz se você tem ou não planos, se você é ou não portador de necessidades especiais, a morte então nos coloca neste instrumento, como uma lembrança para o futuro, uma lembrança do que teremos que fazer para numa nova ressureição (para os católicos), uma nova reencarnação ( para os espíritas), ou qualquer outro nome dado por sua religião específica.
Como num grande trolhamento, a pergunta que vem posterior à morte, e vem de uma forma direta, sem subterfúgios, sem nenhum outro questionamento: - “Que vindes fazer aqui?”, e a resposta nos terão que ser muito bem analizadas, para evitar uma resposta abrupta.
Como a maioria das pessoas, não sei o que vim fazer aqui, não hoje, não neste momento de Luto.
Talvez e disse talvez, tenha vindo para viver uma boa vida, confortável, aquecida, quentinha, ou talvez, esteja aqui para ajudar meu próximo, fazer o bem, ou talvez até quem sabe, não tenha vindo para por fim ou por o início a uma nova vida.
Posso até chocar o meu próprio coração, mas não sabemos o nosso propósito neste espaço terreno. Se vamos fazer o bem ou o mal, é de nossa escolha, nosso livre arbítrio, mas e se estiver escrito que teremos que tirar a vida de alguém? Talvez ai não haja livre arbítrio, talvez tudo já esteja escrito, tudo tenha sido marcado num grande quadro-negro onde está registrado lá nossa linha do destino.
Não posso pensar no acaso, pois como escreveu o espírito de Joana de Angelus atravéz do médio Divaldo Franco, “O acaso é nada mais do que a forma com que Deus encontrou para nos dizer: Estou Aqui”.
Não posso pensar que uma vida de cinquenta e poucos anos não tenha tido um propósito.
Devo acreditar, até mesmo para que minha fé se intensifique, de que houve um propósito para aquela vida, até mesmo para nos fazer pensar, nos fazer olhar para nosso passado e analizar-mos o que fizemos, como fizemos e porque fizemos.
Essa tríade questionativa nos chega no momento, então recorremos ao mundo do invisível, ao mundo da fé, para termos as respostas de perguntas que jamais teremos certeza da precisão das respostas intuitivas, cognitivas, ou até mesmo irracional.
Perdemos ontem dia 28 de Fevereiro uma prima, uma daquelas primas que tínhamos contato quando então éramos crianças, e pequenos jovens.
Sentávamos nas muretas da casa de meu avô paterno para lá travar-mos conversas infantis, sem compromisso qualquer, mas que para o momento era uma conversa significativa.
Cheguei a sentar-me em sua cama e ensinar-lhe matemática, e essa prima dava risadas dizendo que não fora feito para ciências exatas, que também não era para ela importante encontrar o valor de “X”, ou um número ao quadrado, um número dentro de uma chave anunciando que havia que tirar a Raiz Quadrada daquele número.
Boas recordações. Crescemos, tomamos cada qual o seu rumo. Eu para a minha vida e ela para a dela. Nos casamos, ela não estava em meu casamento e nem eu no dela, mas tínhamos contato, poucas conversas até mesmo pelo nosso propósito de vida.
Estivemos juntos pela última vez no casamento de uma prima em comum, e que ela era madrinha.
Já com Câncer, mas sempre disposta, depois de muitas e muitas sessões de quimioterapia e radioterapia, por uma graça Divina os cabelos cresceram entre as sessões de quimioterapia, dando a ela uma aparência bonita, que lhe permitiu fazer um penteado, colocar um bom vestuário, e ainda ser madrinha de casamento desta prima.
Foi então nossa despedida.
Vocês devem estar então se perguntando, e o porque você está emocionado? E a resposta é simples.
É porque mesmo não tendo contato próximo, de brincadeiras como crianças como fazíamos na casa de meu avô, mantínhamos uma ligação através de meu pai, que sempre nos reportava não só dela, mas como também, de todos os outros parentes.
Fica aqui então nossos pêsames, a mim também, pela falta que ela fará aos seus mais próximos, de seu marido e de todos que viviam em volta dela.
Não posso terminar dizendo “Prazer em Recebê-los”, mas posso terminar este escrito com uma oração ao Grande Pai.
                - “Senhor, vós que sabes o que é melhor para nós, receba sua filha em seu colo, para que então ela possa escutar em seus ouvidos – Prazer em Recebê-la. Amém”.
(Clóvis Cortez de Almeida)

5 comentários:

  1. Oi, mestre...
    Sinto muito pela perda e nem sei se adianta muito, mas, Deus sabe o que faz...

    "Não posso pensar que uma vida de cinquenta e poucos anos não tenha tido um propósito.
    Devo acreditar, até mesmo para que minha fé se intensifique, de que houve um propósito para aquela vida, até mesmo para nos fazer pensar, nos fazer olhar para nosso passado e analizar-mos o que fizemos, como fizemos e porque fizemos.
    Essa tríade questionativa nos chega no momento, então recorremos ao mundo do invisível, ao mundo da fé, para termos as respostas de perguntas que jamais teremos certeza da precisão das respostas intuitivas, cognitivas, ou até mesmo irracional."

    Bem, não teve uma vida inútil... Talvez pode ter tido uma vida comum, mas, não inútil... Viver não é simplesmente ir tocando em frente como se fossemos um boi... É buscar evolução, voos que tragam sua essência, sua verdadeira essência para fora como fazem as águias. Viver é atrevermos a ser felizes, a ter amor, a ser amor. A encontrar o amor... O resto, nem importa tanto. :)
    A gente está aqui para evoluir e sermos felizes. O restante, sempre vem por acréscimo.
    Lindo seu amor por sua prima. Com certeza, Deus a tem em bom lugar.
    Abraço fraterno.
    Lilith.

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    1. Muito Obrigado minha querida. É sempre muito confortante ouvir e ler suas palavras.

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  2. Oi, mestre...
    Espero que esteja melhor. O tempo vai passando e as feridas cicatrizam... Acho que o grande aprendizado da vida ou um deles é aprender a lidar com perdas. Mas, o bom é que a alma é imortal. :)
    Abraço fraterno.
    Lilith.

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  3. Ouvir, mestre?
    Abraço fraterno,
    Lilith.

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  4. Sim minha querida, já estou bem. Mais uma vez obrigado pelas palavras. Não me esqueci de seu círculo mágico ok? Beijos querida.

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