Toda
canção nos remete a algum lugar em que nossa mente está. E não é diferente
dizer que minha mente agora está ao centro do Brasil, mais propriamente em
Anápolis – Goiás.
Passei
um bocado de tempo naquele lugar, que de antemão posso até dizer que se trata
de uma cidade bastante agradável, principalmente nos idos dos anos 80.
Eram
mais ou menos 06:30h da manhã quando um vizinho me liga o rádio e estava
tocando “A Majestade o Sabiá”. É uma música linda, com seus traços bastante
levados para o interior do Brasil, sua melodia canta sobre a reverência que
outros pássaros fazem aquele que tem como o próprio nome diz, a Majestade, em
seu corpo, em seu canto.
Principalmente
em seu canto, pois quando ele começa a cantar, todos os pássaros param para ouvi-lo,
quando não para imitá-lo, em seu trinado agudo, que alcança um território bastante
grande na nossa geografia.
Pois
bem, o trinado começava, e da minha janela eu ouvia o cantar daquele pássaro,
quando uma voz, também fina, feminina me chama: Pai, hô pai, acorda pai. Era
minha filha.
Lá
estava ela, de pijaminha flanelado, com seu ursinho no colo, e suas mãozinhas
na minha cabeça, tentando me chamar a atenção para aquele momento mágico na
vida dela.
Um
pouco ranzinza, reclamei que estava muito cedo ainda, pois eu só iria para o
trabalho às 11:00 da manhã, e ela continuava a me chamar: Pai, hô pai, levanta
pai, vem ver pai, e não parava com aquela voz ainda em formação, pois 4 anos
não se pode esperar muita coisa.
Falava
para ela, minha filha, papai foi deitar mais de 03:00 da madrugada, deixa papai
dormir, mas ela não, ela estava determinada em me acordar, de verdade.
Não
estava entendendo seu objetivo quando ela me falou, vem ver pai, vem ver aqui.
Levantei,
coloquei um chinelo ao pé, fui até o banheiro, lavei meu rosto e ela
insistentemente falando, Pai, vem ver pai.
Dei
as mãos a ela que me conduziram pelo corredor até o seu quarto. Abri a porta,
porque ela havia fechado, e ela falou, entra pai, com cuidado, mas entra pai.
Fiquei
meio ressabiado com esse entra com cuidado, mas fui arriscando, coloquei o
pescoço para dentro do quarto, deixando com que meu corpo fosse entrando
vagarosamente.
Estava
lá dentro, não havia visto nada de anormal então me virei a ela e perguntei do
que se tratava.
Ela
então, com seus cabelos cacheados loiros, sua mão suave, seu jeitinho maroto,
foi me conduzindo até o criado-mudo que ela tinha na cabeceira de sua cama.
Daí
fui a descobrir que havia lá um pássaro, Sabiá que devia ser fêmea, pois estava
junto a um ovinho, naquele criado mudo. Não sei o que aconteceu para que aquele
ovo tivesse chegado até aquele lugar, mas estava lá.
O
pássaro estava arredio, mas minha filha não tinha medo. Foi chegando bem
pertinho daquela cena, daquela que mais parecia uma fotografia de Deus, diante
ao seu Reino.
E
ela, foi com suas mãozinhas pegando o ovinho do pássaro, que assistia imóvel para
a atitude daquela criança.
Vi
que na janela havia um ninho caído, e percebi que talvez aquele pássaro estivesse
efetuando o transporte do ninho, de alguma árvore próxima para outro lugar.
Ela
então segurou aquele ovinho, e colocou no ninho que havia dado a ela. O pássaro
ainda imóvel. Seguramos então aquele ninho, fui dando um jeito de pular a
janela para evitar do ninho sair das vistas do pássaro, e o coloquei em um
galho de árvore, próximo a janela da minha criança.
Ao
colocar, o pássaro alçou voo e foi para perto de seu ninho, e começou a cantar.
Cantava tão alto que por um breve momento, era a única melodia que ouvia.
Minha
filha então me perguntou: Pai, ele pode morar aqui? E num consentimento
imediato disse que sim.
Minha
filha voltou então para cama, com sorriso em seu rosto, e com a angelitude de
seus gestos voltou a dormir.
Eu,
não voltei mais a dormir, fui me aprontar para fazer algumas coisas em casa,
mas aquele quadro não sai da minha cabeça.
Agora,
todas as vezes que toca a música “A majestade o Sabiá” não há como não deixar
de lembrar-se da cena.
Minha
filha cresceu, o ninho já se foi, mas o canto do sabiá me faz retornar 27 anos atrás.
Então Prazer em Recebê-los.
Clóvis
Cortez de Almeida
Oi, mestre...
ResponderExcluirAinda do meu casulo, mas, aqui temos Wi-Fi. :)
Li o texto tão logo quando postou. Sempre faço isso, pode estar certo desse fato... Interessante é que algumas vezes, fico sem saber o que dizer. Dai fico quieta...
Esse assunto é delicado e tenho dentro de mim, opiniões diversas, como se tivesse aqui duas pessoas diferentes. Estranho, não?
Uma das coisas que sempre tive medo era de ser injusta. Tenho refletido muito durante esses dias. Sou lenta prá certas coisas, isso é uma delas. Tem momentos na vida que agimos por uma situação, outros momentos, que reagimos à situação imposta... Só que reação, nem sempre é acertado. Precisa avaliar muito bem os fatos. Muito bem. Acredito que é isso que estou fazendo há um tempo: avaliando para agir e não reagir...
Tudo tem sido muito profundo, até as colocações de vírgulas e pontos finais...
Abraço fraterno,
Lilith.
Minha querida Lilith, realmente tem momentos em que não sabemos, ou não podemos nada fazer. Há outros porém que estamos sempre solícito. São as adversidades da vida. Ela nos prega peças. Quanto ao site que você mencionou, tive o cuidado de não publicá-lo aqui nessa via de comunicação. Nada confiável poderia falar, uma vez que provém de algo espúrio, sem o reconhecimento da Real Maçonaria. Serve apenas como base, mas não podemos confiar em seu conteúdo, há muitas especulações sobre assuntos que não é real.
ExcluirAh, mestre... Pode me falar se esse site é confiável?
ResponderExcluirhttp://filhosdoarquiteto.loja2.com.br/category/365910--Ocultismo. Tem uma biblioteca lá. Dificil é saber o que ler primeiro... :)
Bom dia, caro mio...
ResponderExcluirVivo tentando assimilar as peças da vida, mestre. A maioria delas é comédia, rs. Os dramas, prá mim, tem bilheteria baixa, não gosto, rsrs. Tendem a desaparecer do meu palco, rsrs.
Seja sempre bem-vindo!
Lilith.
Oi, mestre.
ResponderExcluirVi uma frase que me lembrou de você.
"OLHOS que olham são comuns. Olhos que veem são raros". Olhos profundos, fortes e transparentes.
Nossa, outra coisa profunda... Isso tb é uma metamorfose. Deveria ter nascido uma borboleta. Ou uma fenix. :)
Abraço fraterno.
Lilith
Diz o poeta Lilith - "Deitei, dormi, sonhei. Sonhei que era uma borboleta. Me senti tão bem sendo borboleta que já não sei mais se eu homem sonhei que era borboleta, ou se eu borboleta, havia tido o pesadelo de ser Homem". (Pablo Neruda)
ResponderExcluirObrigado querida. Beijos
Um clássico, porém, raro:
ResponderExcluirSoneto de Fidelidade
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinícius de Moraes
Abraço fraterno.
Lilith
Que seja eternamente infinito...
ExcluirEnquanto dure. :)
ResponderExcluirOi. Uma duvida... Continuo escrevendo? Tem momentos que é bom fazer um feedback para não ser inconveniente ou não fazer papel de piegas, rs. Não tinha outros canais nem via cabo.
ResponderExcluirAbraço fraterno,
Lilith.
Minha querida, você achou que te abandonei? Claro que não. Estou com um caso em meu escritório muitíssimo complicado, que está consumindo minha atenção ao grau máximo, mas nunca pensa que te esqueço ok? Não está fazendo papel de piegas ou qualquer coisa assim. Eu não tenho outro tipo de comunicação contigo a não ser a resposta pelo meu blogue. Então, se me silencio, é porque estou realmente ocupado mas jamais ocupado o suficiente para não lhe dar atenção. Afinal, como te falei, você está em meu coração e também nas páginas de meu livro, que está por sair. Beijos querida.
ExcluirOi. Desculpe. Achei... Mas, tudo bem. Deve ser um pouco de sono, me deixa lerda. Atendi uma pessoa até as 3h da manhã e estava agoniada até ela chegar tb. Coisas de mulher. Ou Mulher, sei lá.
ResponderExcluirRelaxa. Vc não me conhece bem, mas, não gosto desse papel. :) Acho que as coisas tem que ser livres mesmo. Se estão com vc é pq gostam, se não gostam, não estão. Raramente pergunto isso, odeio discutir relação, realmente não sei o que aconteceu. :) Acho que foi um espumante que meu marido me deu que ele ganhou. Quem não tem costume de beber, fica tonto até com isso rsrsrs.
Bom, fico feliz em saber que está bem. :)Ainda mais em estar em seu coração. Acredite, é um bom lugar.
Abraço fraterno.
Lilith.