Páginas

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Uma outra de Minas


Todos nós temos uma predileção a um determinado lugar, e isso é científico, e uma vez comprovado não podemos deixar de ver com melhores atenções os lugares por onde passamos.
Uma das minhas prediletas paisagens aqui no Brasil, pode ser Minas Gerais, talvez pelo total desnível de seu solo, talvez pela beleza que tem essas montanhas, ou talvez seja porque não tem praia.
Confesso que praia não é minha praia, não sou de muito de ficar como um bife empanado, tal qual um camarão que vira e se revira nas areias de uma praia, pensando que uma onda gelada venha tirar o estresse do corpo, quente ou melhor, fervendo a beira mar.
Um belo fechar das árvores nas estradas, ou mesmo uma bica no acostamento de uma via, me chama mais atenção do que o soar do mar, batendo nas areias das cidades que são banhadas por esse monstro gigantesco, ainda não explorado.
Numa dessas, eu estava em Minas, como num conto já publicado aqui no blogue, passando minha lua-de-mel, em São Tomé das Letras.
Cidade pequenina, mas belíssima por ser pacata, tranquila e cheia de história, até mesmo curiosa por sua cultura hippie, do “Tô sentindo tudo, sacou?”, muito utilizada na década de setenta, quando Raul Santos Seixas, em visita aquela cidade de mais de 1.700 metros de altitude, fazia suas incursões ao mundo da fantasia.
Outros lugares também me chamam a atenção, principalmente as Europeias, onde qualquer coisa é motivo de que surja a polícia turística, que chega ao local, coloca um holofote, cerca para todos os lados, e já começam a cobrar a visitação.
Mesmo que essa parte história seja apenas um tijolo onde fulano de tal tenha pisado. Fica até meio hilário, pois um tijolo pode mesmo virar um museu a céu aberto, com cobertura televisiva, um custo módico de alguns Euros para olhar o tal tijolo, e banheiros para visitantes, uma estrutura comercial por volta do tijolo, e por ai vai.
Aqui em Minas, um pouco diferente acontece. Sabemos por terceiros que há no local uma atração turística, temos que adivinhar como chegar, pesquisar apuradamente como chegar e sair do lugar, onde nenhuma placa ou inscrição tem no local.
Em São Tomé das Letras, a cidade mística, além das pedras que dizem que por baixo delas se chega a Matchu Pitchu, uma outra curiosidade tem que ser melhor, ou melhor, tem que ser divulgada para todos os Brasileiros e principalmente para turistas estrangeiros, trata-se da Ladeira do Amendoim, ou Ladeira do Sobe Sozinho.
É um fenômeno raro, senão único na natureza, onde a lei da gravidade é ao contrário, e que não existe uma regra definida para o que é de baixo, e o que é de cima.
Pois bem, terminando meu passeio pela cidade, fiquei sabendo desse lugar e fui buscar no mapa (não tinha ainda o Google pelo celular) e seguimos em direção a esse pitoresco lugar.
Pegamos agora uma estrada asfaltada, e rumamos em direção a São Paulo, mas de olho nas placas para ver onde seria essa tal Ladeira.
Em uma plaquinha, digo plaquinha porque não passava de um pedaço de lata indicando à direita o local pitoresco. Quase num reflexo tardio, virei o carro, sem atrapalhar o trânsito zero daquela estrada, e segui então a placa indicatória.
Passei por alguns cactos no meio da estrada de terra, uns buracos cuja estrada estragava a profundidade deles, um portão com uma Empresa de Mineração, e daí, mais uns mil e quinhentos metros afrente a tal Ladeira do Amendoim.
Bem, é muito legal a regra da gravidade no lugar. Parei o carro no topo da ladeira, e daí na parte de cima fui saindo com o carro. Incrível, mas tive que colocar uma primeira no carro, e fazer uma aceleração mais forte, e consegui então descer com o carro.
Não satisfeito, fui colocar a ré para subir a ladeira. Nem precisou, o carro voltou só e subiu com muita facilidade a ladeira.
Parei o carro no cume da ladeira, falei para esposa sentar-se no lado do motorista, desligar o carro e fui até a traseira do carro para empurrá-lo ladeira abaixo.
Era o mesmo que tentar subir um peso gigantesco por uma escada onde não haveria corre-mão, ou qualquer ajuda para fazê-lo.
Eu, um metro e setenta e oito de altura, naquela época com setenta e oito quilos, uma força gigantesca, não conseguia mover o automóvel de mil e duzentos quilos para frente, ou seja fazê-lo descer, mas no caso em tela “subir”.
Pedi então ajuda para minha esposa que juntou-se a mim nessa empreitada. E nada. Não conseguimos mover um metro e meio do carro.
Subimos, demos partida no carro e novamente colocamos a primeira e daí sim, descemos a ladeira. Ao chegar lá em baixo, colocamos o freio de mão e descemos do carro. Fotografamos, e daí resolvemos soltar o freio de mão.
Minha esposa, preocupada começou a correr atrás do carro, gritando, meu carro, meu carro, e lá foi ele subindo sozinho a ladeira, parando suavemente no seu cume.
Ficamos maravilhados é claro, mas precisava de mais um teste, afinal o carro é de metal e poderia ser uma inversão magnética da região.
Não tínhamos nas mãos nenhum objeto de borracha, então tive a brilhante ideia. Como estávamos sós naquele lugar, e eu morrendo de vontade de tirar a água do joelho, fui até a parte mais baixa da montanha, abri o zíper criteriosamente, e fui fazer xixi.
Comecei a me aliviar, quando percebemos que o líquido começava a subir sozinho a ladeira. Prá que, comecei a tomar mais e mais água, só para testemunhar tal fenômeno.
Um barato, mas digo, falta aqui o espírito de mostrar fenômenos como este ou lugares pitorescos, como este que ocorre no interior de Minas, e fiquei sabendo também que em Belo Horizonte também tem uma Ladeira do Amendoim, ou Ladeira do Sobe Sozinho, só que sem divulgação.
Uma pena, o Brasil, que conheço como a palma da mão, pois já estive de norte a sul, de leste a oeste, não dá valor a fenômenos que se fosse na Europa, já teria como falei, um belo holofote, um pedágio, um restaurante, um banheiro, e outros artefatos que fazem parte de uma visitação turística, além das placas nas estradas.
Meu carro, meu carro, meu carro, foi a frase que não sai da cabeça quando penso na Ladeira do Sobe Sozinho.
Prazer em Recebê-los.


3 comentários:

  1. Oi, Mestre.
    Hilário, com certeza. Mas, algumas dúvidas...
    1 - vc está de brincadeira?
    2 - Lua de mel tem componente mel pq mel é um alimento que não estraga. Mas, seria interessantíssimo se colocassem o nome de Lua de chocolate, não acha?
    3 - Cientificamente falando, o xixi caia no chão e subia ou subia sem cair no chão? Pergunto isso pq em minha casa já aconteceu isso qdo meu irmão pequeno foi ter sua fralda trocada. Bem, nem pingou xixi no chão. Foi direto na cara da minha mãe... Será tb um problema da gravidade local? :)
    Tinha obviamente outras dúvidas, mas, prefiro deixar as respostas por conta do tal Ágape. :)
    Abraço fraterno,
    Lilith.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito bom seus comentários querida Lilith. Dão um humor a mais ao texto. Poderia publicar esse também. Beijos querida

      Excluir
    2. Claro, Mestre.
      Se me conhecesse, veria o quanto adoro dar pitacos, ainda mais com humor nos meus escritos. Acho que a vida seria muito chata se tivesse que viver seriamente.
      Nasci prá rir, prá fazer as pessoas felizes e ahhhh, prá deixar todo mundo bonito... Como é bom.
      Pode sim, publicar todos! :)
      Carpe Diem, sempre!
      Abraço fraterno,
      Lilith.

      Excluir